sexta-feira, 27 de novembro de 2020

O EVANGELHO TRANSFORMADOR!

 



Robinson L Araujo[1]

 

O Evangelho de Cristo por meio da cruz caracteriza-se pelo Poder transformador na vida daqueles que aceitam a se submeterem ao discipulado do Mestre, à sombra da Cruz. Transformando medo em ousadia; pavor em clamor.

Importante que nos reportemos a Igreja primitiva, sem placas ou dirigida por uma doutrina, a não ser do arrependimento, que era anunciado pelos apóstolos, como por exemplo, a passagem de Atos 3:36-39, que afirma:

36. “Portanto, saibam com certeza todos em Israel que a esse Jesus, que vocês crucificaram, Deus fez Senhor e Cristo!”. 37. As palavras partiram o coração dos que ouviam, e eles perguntaram a Pedro e aos outros apóstolos: “Irmãos, o que devemos fazer?”. 38. Pedro respondeu: “Vocês devem se arrepender, para o perdão de seus pecados, e cada um deve ser batizado em nome de Jesus Cristo.  Então receberão a dádiva do Espírito Santo. 39. Essa promessa é para vocês, para seus filhos e para os que estão longe, isto é, para todos que forem chamados pelo Senhor, nosso Deus”. Atos 2:36-39

O Evangelho, contrário do que muitos anunciam, como por exemplo: revelações de CRF's das pessoas que buscam um milagre, que ora fora anunciado na conferência de determinado "evangelistas"; O "pastor" que irá curar e trazer bênçãos materiais sobre sua vida e por aí, a caminhada é longa e exaustiva se tentarmos escrever aqui.

Aqueles homens anunciavam:

ü  Jesus crucificado se tornou Senhor e Cristo;

ü  A Mensagem anunciada tinha o poder de adentrar ao coração dos ouvintes e queriam uma transformação;

ü  O arrependimento era a chave para ser salvo e os pecados serem redimidos;

ü  O batismo que anunciava para aqueles que assistiam, o compromisso de mudança do estilo de vida;

ü  Está aberta a todos e não a um grupo reduzido de pessoas.

O reconhecimento do discípulo de Jesus, não vem por imposição e sim, por reconhecimento daqueles que veem a transformação e a ousadia que caminham juntos na anunciação do Evangelho do Reino. Em Atos 4:10-13, após a cura de um aleijado à porta do templo por Pedro e João, sendo eles indagados pelos líderes, podemos perceber a ousadia da anunciação do Evangelho. Vejamos:

10. Saibam os senhores e todo o povo de Israel que ele foi curado pelo nome de Jesus Cristo, o nazareno, a quem os senhores crucificaram, mas a quem Deus ressuscitou dos mortos. 11. Pois é a respeito desse Jesus que se diz: ‘A pedra que vocês, os construtores, rejeitaram se tornou a pedra angular’. 12. Não há salvação em nenhum outro! Não há nenhum outro nome debaixo do céu, em toda a humanidade, por meio do qual devamos ser salvos”. 13. Quando os membros do conselho viram a coragem de Pedro e João, ficaram admirados, pois perceberam que eram homens comuns, sem instrução religiosa formal. Reconheceram também que eles haviam estado com Jesus.

Ainda eles afirmam, mesmo sendo ameaçados: "Não podemos deixar de falar do que vimos e ouvimos!”. (Atos 4:20).

E a transformação que o Evangelho traz ao homem, o condiciona a busca de uma comunhão com seus irmãos, bem como, a necessidade de ajudar e compartilhar com aqueles que não possuem condições financeiras, Vejamos:

32. Todos os que creram estavam unidos em coração e mente. Não se consideravam donos de seus bens, de modo que compartilhavam tudo que tinham. 33. Com grande poder, os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e sobre todos eles havia grande graça. 34. Entre eles não havia necessitados, pois quem possuía terras ou casas vendia o que era seu 35. e levava o dinheiro aos apóstolos, para que dessem aos que precisavam de ajuda. Atos 4:32-25

Importante salientar que o pecado é o ponto de partida de todo distanciamento social. Todo pecado, inclusive de pensamento, deixa sua marca na estrutura psiquica da alma humana. Todo pecado do qual não nos arrependemos obscurece sinistramente a verdadeira honestidade.

Na Bíblia de Transformação Pessoal, MANNING (2015, P. 1276) acaba por trazer a seguinte reflexão de vida:

A Igreja primitiva foi construída por pequenos grupos de pessoas que se reuniam para apoiar umas às outras em um modo de vida inteiramente novo. Essas comunidades primitivas eram prova visível de uma alternativa para o status quo de sua cultura. Hoje, precisamos de pequenos grupos de pessoas que levem o Evangelho a sério, que percebem o que DEUS está fazendo em nosso tempo e que sejam prova viva do que significa estar no mundo sem ser do mundo. Essas comunidades "de base" ou igrejas de bairros devem ser pequenas o suficiente para que haja intimidade, coesas o suficiente para que haja aceitação e amáveis o suficiente para que haja espaço para críticas. A comunidade reunida em nome de Jesus nos capacita para encarnar em nossa vida aquilo que cremos em nosso coração e aquilo que proclamamos com nossos lábios.

Acredito que o ponto central da cruz, além de Jesus morto e ressurreto, é a unidade que ele trás em nossas vidas. O problema é que, nós, por nossa ganância, egoísmo e egocentrismo, deturpamos o viver da Igreja primitiva. Os apóstolos não anunciavam o dia de cura e restauração, somente pela sobra deles, em suas caminhas, quando projetada na vida dos enfermos, era capaz de curar. Não porque eram melhores que os outros e sim, a transformação e o compromisso que tinham com Cristo.

Não tinham o interesse pessoal e financeiro, simplesmente davam aquilo que receberam pela graça, com custo de Sangue! O Livro de Atos 5:12-16, nos afirma exatamente como era o comportamento daquelas pessoas. Vejamos:

12. Os apóstolos realizavam muitos sinais e maravilhas entre o povo. Todos se reuniam regularmente no templo, na parte conhecida como Pórtico de Salomão. 13. Quando se reuniam ali, ninguém mais tinha coragem de juntar-se a eles, embora o povo os tivesse em alta consideração. 14. Cada vez mais pessoas, multidões de homens e mulheres, criam no Senhor. 15. Como resultado, o povo levava os doentes às ruas em camas e macas para que a sombra de Pedro cobrisse alguns deles enquanto ele passava. 16. Muita gente vinha das cidades ao redor de Jerusalém, trazendo doentes e atormentados por espíritos impuros, e todos eram curados.

A pergunta aqui não seria: "Posso Curar?" e sim: "Deixaria que o poder restaurador de Cristo ressurreto flua por meio de minha vida para alcançar e a tocar outros, de modo que eles também possam sonhar, lutar, permanecer firmes e correr a onde os valentes não ousam ir?"

João Crisóstomo[2] (1962), pai da Igreja primitiva escreveu:

Quando o homem procura sinais e sabedoria e não recebe as coisas que busca, mas ouve o contrário daquilo que procura, e depois tem a mente mudada por esses contrários, isso não mostra o poder indescritível daquele cujo nome está sendo proclamado?

Mesmo em um estudo superficial da história da Igreja, ela revela que o Espírito de DEUS sopra com a força de um furacão apenas por meio daqueles profetas e amantes da verdade que se rendam a loucura da cruz. Se existe sabedoria superficial e pouco poder na nossa adoração e no nosso ministério, creio que, é porque poucos de nós nos entregamos ao que Paulo chama de morrer todos os dias para todas as formas de egocentrismo, incluindo a auto promoção e a autocondenação. Manning (2014).

Por outro lado, também, devemos entender que poucos querem ouvir a pregação de um Cristo crucificado, que nos convida a estamos crucificado junto com Ele.  A preferência é por um Cristo agente da mudança social; ou o revolucionário; ou o Mestre do relacionamento interpessoal que vai ajudá-los a fazer amigos e influenciar pessoas. Ninguém quer ouvir falar sobre um Cristo pregado no madeiro que diz: "Mudem de vida; Sigam em uma nova direção; Siga-me e se submeta a um discipulado radical, uma Metanoia!"

A imitação de Cristo que somos convidados a por em prática, é aquela não de um herói morto e sim, da que Cristo vive no cristão, e o cristão vive no Cristo ressurreto por meio de Seu Espírito Santo.

O estilo de vida que os apóstolos foram inseridos e que, somos convidados a viver é que, ao olharmos para aquela cruz, passamos a entender que na Sua paixão e morte, Jesus sentiu a minha e a sua dor, e tomou-as para Si. Isaías 53:5 já proclamara: "Mas Ele foi ferido por causa de nossa rebeldia e esmagado por causa de nossos pecados. Sofreu o castigo para que fôssemos restaurados e recebeu açoites para que fôssemos curados".

O que acontece nesse encontro com o Crucificado é que participamos de algo que já aconteceu, a nossa união com Jesus e tudo o que ela implica: o fato dEle assumir toda dor, ansiedade, medos, vergonha, autodepreciação e desencorajamento.

Não há meio de curar as feridas que carregamos, a não ser por meio do amor de Jesus que perdoa setenta vezes e não mantém registros dos nossos erros.

Contorcendo-se de dor na cruz, Jesus disse: "Conheço cada momento de pecado, egoísmo, desonestidade e amor degradado que desconfigurou sua vida, e não o julgo indigno de compaixão, perdão e salvação. Agora, faça o mesmo com os outros. Não julgue ninguém.

Henri Nouwen[3] (1995), afirmou:

Somente quando reivindicamos o amor de Cristo crucificado com convicção sincera, esse amor que transcende de todos os julgamentos, é que venceremos todo o medo do julgamento. Quando nos livramos completamente da necessidade de julgar os outros, somos completamente libertados do medo de ser julgados. A experiência de não ter que julgar não pode coexistir com o medo de ser julgado, e a experiência do amor não julgador da Salvador crucificado não pode coexistir com a necessidade de julgar os outros.

Somente pelo Evangelho vertido daquela cruz, tem-se a possibilidade de uma mudança radical de vida, deixando as coisas velhas para trás e, tendo a possibilidade de se escrever uma nova página em nossa caminhada.

A Igreja primitiva é um exemplo para que, voltemos a nossa origem, deixando para trás o julgamento o qual, a DEUS e somente a Ele pertence.

Somente assim, teremos a possibilidade de caminharmos em Vida Plena.


 

 


REFERÊNCIAS

Bíblia Nova Versão Transformadora. Disponível em: <https://www.bibliaonline.com.br/nvt>. Acessado em: 24 nov. 2020.

MANNING, Brennan. A assinatura de Jesus: o chamado a uma vida marcada por paixão santa e fé inabalável. Traduzido por Maria Emília de Oliveira. 1 ed. São Paulo: Editora Vida, 2014.

 



[1] Pastor, Discípulo de Cristo - e-mail: robinson.luis@bol.com.br - redes sociais: @prrobinsonlaraujo - 26/11/20.

[2] The Sermons of Jonh Chrysostom. In.: MONTAGUE, George. The Living Thought of St. Paul. Englewood, NJ: Prentice Hall, 1962. P. 78. - João Crisóstomo foi um arcebispo de Constantinopla e um dos mais importantes patronos do cristianismo primitivo.

[3] Henri Jozef Machiel Nouwen foi um católico holandês, teólogo, padre e escritor, autor de 40 livros sobre vida espiritual.

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