domingo, 22 de novembro de 2020

DEUS ESTÁ NO COMANDO E O FUTURO A ELE PERTENCE!

 


Robinson L Araujo[1]

 

Interessante é se aventurar em entregar o comando do futuro a DEUS. Muitas vezes, queremos entregar, mas, na intenção de permanecer dando as cartadas ao Senhor. Entretanto, não é dessa forma que Ele age em nossa vida, família e futuro. A Ele, tudo pertence e foi o que Abrão compreendeu.

Sendo assim, convido você a se locomover como Abrão e depois, Abraão. Um caminho para o desconhecido - humanamente, porém, traçado - espiritualmente. Vejamos Gênesis 12: 1-7, quando Jeová define o incerto em sua vida:

1. O Senhor tinha dito a Abrão: “Deixe sua terra natal, seus parentes e a família de seu pai e vá à terra que eu lhe mostrarei. 2. Farei de você uma grande nação, o abençoarei e o tornarei famoso, e você será uma bênção para outros. 3. Abençoarei os que o abençoarem e amaldiçoarei os que o amaldiçoarem. Por meio de você, todas as famílias da terra serão abençoadas”. 4. Então Abrão partiu, como o Senhor havia instruído, e Ló foi com ele. Abrão tinha 75 anos quando saiu de Harã. 5. Tomou sua mulher, Sarai, seu sobrinho Ló e todos os seus bens, os rebanhos e os servos que havia agregado à sua casa em Harã, e seguiu para a terra de Canaã. Quando chegaram a Canaã, 6. Abrão atravessou a terra até Siquém, onde acampou junto ao carvalho de Moré. Naquele tempo, os cananeus habitavam a região. 7. Então o Senhor apareceu a Abrão e disse: “Darei esta terra a seus descendentes”. Abrão construiu um altar ali e o dedicou ao Senhor, que lhe havia aparecido.

O que se observa aqui é que, a experiência espiritual se tornou uma intimação: DEUS está no comando e o futuro a Ele pertence.

O que podemos perceber? Em primeiro lugar: DEUS tem o seu tempo certo; em segundo: O Senhor escolhera Abrão para que fosse pai de uma grande nação; terceiro; Somente DEUS transformaria a vida dele em bênção para todos os filhos infelizes e desorientados deste mundo.

Abrão estava enraizado em sua terra, possuía seus bens, família e sua religião com crendices que foram lhe introduzidas por seus pais e local onde vivia, a tradição. Observe que DEUS o convida à abandonar tudo. Talvez, para eu e você, seria uma afronta e desestabilização de nosso cotidiano e vida que estamos acostumados a levar em nosso mundinho. Mas, o Senhor tem um propósito para cada um de nós, o problema é como e com qual confiança nos interessamos ao ponto de abandonar tudo e partir para o desconhecido em obediência ao chamado de DEUS.

Hebreus 11:8, afirma: "Pela fé, Abraão obedeceu quando foi chamado para ir à outra terra que ele receberia como herança. Ele partiu sem saber para onde ia". MANNING (2014, p. 16), afirma: "A realidade da vida para homens e mulheres cristãos exigem que saiam de onde estão enraizados, daquilo que é óbvio e seguro, e entrem no deserto sem explicações racionais que justifiquem suas decisões ou deem garantias para o futuro. Por quê? Porque DEUS sinaliza esse movimento e oferece Sua promessa. Só isso".

Quando percebemos o chamado de DEUS em nossa vida, como Abrão percebeu, é o caminho para que o Evangelho convença as pessoas a quem gostaríamos que entendessem do amor de DEUS. Caso contrário, o Evangelho não convencerá ninguém, a não ser que convença a nós mesmos de que somos transformados por ele.

Para isso, MANNING (2014, p. 17) explica:

Depois de dois mil anos de história da Igreja, por que só um terço da população mundial aceitou a Cristo? Por que a personalidade de muitos cristãos piedosos é tão opaca? Por que o filósofo Friedrich Nietzsche repreende os cristãos por "aparecerem não estar salvos?" por que raramente ouvimos aquilo que o antigo advogado disse a respeito de Jonh Vianney: "hoje me aconteceu algo extraordinário. Vi Cristo em um homem?" Por que a nossa alegria, o nosso entusiasmo e a nossa gratidão não contagiam os outros com o anseio de Cristo? Por que o fogo e o espírito de Pedro e Paulo estão tão claramente ausentes na nossa pálida existência? Talvez porque poucos de nós tenhamos empreendido a jornada da fé para atravessar o abismo entre o conhecimento e a experiência. Preferimos ver o mapa a visitar o lugar. O fantasma da realidade da nossa falta de fé convence-nos de que a experiência não é real; real é a explicação que damos a experiência.

Importante frisar que as nossas crenças, acabam por distanciar-nos do domínio da nossa experiência pessoal. Se Abrão, não abandonasse seus conceitos preconcebidos de religião, conhecimento que tinha de DEUS, transmitidos pela comunidade em que vivia e suas tradições, não viveria a maravilhosa oportunidade de ser chamado de Abraão.

Oportuna as palavras de Daniel Taylor[2]

A mentalidade secular faz o jogo da dúvida quase exclusivamente e, em geral, zomba de quem não a segue. Ironicamente, no entanto, a Igreja também faz esse jogo em alguma medida. O mistério do Evangelho, o paradoxo da encarnação e o maravilhoso enigma da graça permanecem congelados em um sistema altamente racionalizado e/ou autoritário de teologias, códigos, regras, prescrições, ordem de serviço e formas de governar a Igreja. Tudo é anotado, tudo é organizado, a fim de que tudo possa estar definido e os transgressores possam ser detectados.

A caminhada de Harã para Canaã é a jornada em meio ao abismo. Sendo assim, é preciso passar definitivamente das crenças para a fé. Sim, somos chamados a crer em Jesus. Mas, a nossa crença, nos convida a algo maior: a exercer fé nEle. A fé é o que nos forçará a buscar a mente de Jesus Cristo, a adotar uma vida de oração, abnegação, bondade e envolvimento para edificar o Reino de DEUS, não o nosso.

Muitos cristãos continuam temerosos em abandonar as tradições para o exercício da fé, por ainda se apegarem a uma ideia de DEUS muito diferente daquele pregado por Seu Filho. Preferem continuar em Harã, mantendo intactos seus velhos sistemas de crenças. Acreditam que podem salvar a si mesmos se permanecerem imóveis e sem respirar, ou se embarcarem em aventuras heróicas de jejuns ou vigílias, na esperança de conseguirem a aprovação de DEUS na força. Isso não quer dizer que os jejuns e as vigílias não fazem parte, simplesmente não são as coisas mais importantes a serem feitas.

Faz-se necessário se agarrar ao convite de Cristo:

  • Ao ouvir isso, Jesus disse a Jairo: “Não tenha medo. Apenas creia, e ela será curada”. (Lucas 8:50);
  • “Não tenham medo, pequeno rebanho, pois seu Pai tem grande alegria em lhes dar o reino. (Lucas 12:32);
  • Imediatamente, porém, Jesus lhes disse: “Não tenham medo! Coragem, sou eu!”. (Mateus 14:27).

DEUS está convidando a cada um de nós para que saiamos de nosso lugar de conforto, abandonando o conforto e a segurança do status quo, e embarcar na arriscada liberdade da viagem rumo à nova terra que Ele tem separado para cada um de nós, a nova Canaã. Deixando todo o medo que possa adentrar ao coração no caminho para o que nós não temos por certeza.

O que precisamos entender é que, o convite para a jornada de Harã para Canaã é de cunho pessoal e intransferível! Se você ou eu não quisermos, não têm problema para Ele, as consequências serão nossas. Sendo o convite pessoal, Ele chamará outros a se aventurarem pela caminhada da fé!

A pergunta que devemos responder é se creio em Jesus ou nos pregadores, mestres e nuvens de testemunhas que falam dEle? Será que o Cristo no qual eu creio é realmente meu, ou é aquele dos teólogos, pastores, progenitores? Ninguém - pais, amigos ou igreja - pode nos absolver dessa decisão pessoal e fundamental a respeito da natureza e da identidade do filho de Maria e José. A pergunta de Jesus a Pedro - Quem vocês dizem que Eu sou? Ainda eco até hoje em nossa mente, sendo dirigida a todos aqueles que anseiam em ser discípulos do Mestre.

O que é certo é que DEUS não elege necessariamente aqueles que possuem uma linhagem impecável para realizar Sua obra neste mundo. Ele busca pessoas dispostas a abandonar o conforto que a estabilidade proporciona e se aventurar no desconhecido, diante de Seu convite e desafio.

A verdade é que muitos deixam de receber as bênçãos de ministrar aos outros porque acreditam que DEUS usa somente os perfeitos ou quase perfeitos. É possível se ver em nosso cotidiano e na Sua Palavra que o oposto é verdadeiro. DEUS, quase sempre, usa pessoas com grandes imperfeições ou que passaram por grandes sofrimentos, para realizar muitas tarefas importantes em Seu Reino. Ninguém é imperfeito demais para ser usado por DEUS. I Coríntios 1:27-28 nos afirma:

27. Pelo contrário, Deus escolheu as coisas que o mundo considera loucura para envergonhar os sábios, assim como escolheu as coisas fracas para envergonhar os poderosos. 28. Deus escolheu coisas desprezadas pelo mundo, tidas como insignificantes, e as usou para reduzir a nada aquilo que o mundo considera importante.

Quantos personagens bíblicos, quantos profetas foram usados por DEUS e não tinham um padrão impecável de vida? Davi preferiu mata para esconder seu adultério ao invés de reconhecer seu erro; Jonas acha melhor fugir do que obedecer ao ide do Senhor; O próprio Jesus Cristo, tendo seu nascimento antes de completar a rotina do casamento de José e Maria na época, ao ponto de José querer fugir para preservar Maria; Chamado de mentiroso, endemoninhado, pecador...

É isso mesmo, é esse homem que nos chama para dedicarmos nossa vida a Ele, que a vida não tem nenhum significado sem Ele. É nesse homem que a origem de nossa fé deve ser encontrada. Um homem de nascimento obscuro e, portanto, vulnerável a desconfiança, morreu como criminoso. É esse DEUS que se fez homem, prova a cada um de nós que a substância da nossa fé deveria consistir na convicção de que pessoas ilegítimas, pecadoras e criminosas podem dizer: "ABA" a DEUS: que prostitutas podem entrar no Reino de DEUS antes dos religiosamente respeitáveis - que não se trata de uma visão de fé acessível à especulação e ao bom senso.

A nossa fé inclui as nossas crenças, mas também as transcende, porque a realidade de Jesus Cristo não pode ser confinada a formulações doutrinárias. O dom da minha fé em Jesus Cristo não está na dependência ou sob o domínio de nenhum poder fora da minha experiência da graça de DEUS. Quando as crenças substituem a experiência verdadeira; quando passamos a confiar na autoridade dos livros, instituições ou lideres sem que o conheçamos; quando permitimos que a religião se interponha entre nós e a experiência primária de Jesus como o Cristo, perdemos a realidade que a própria religião descreve como suprema.

Precisamos conhecer o amor e o poder de DEUS com um entendimento maior que o nosso, porque o amor e o poder de DEUS ultrapassam o simples conhecimento humano.

A cruz é a assinatura permanente do Cristo ressurreto. O modo de vida assinado pela cruz exige uma fé desprovida de sentimentos, êxtase e visão. II Coríntios 5:7 nos afirma: "Porque vivemos por fé, e não pelo que vemos".

Não precisamos teorizar acerca de Jesus; precisamos fazê-Lo presente no nosso tempo, na nossa cultura e nas nossas circunstâncias. Como afirmou o filósofo francês Maurice Blondel: "Se você quiser entender aquilo em que o homem crê, não preste atenção no que ele diz, mas observe o que ele faz".

É necessário que abandonemos nosso discurso farisaico, onde as pessoas só escutam a respeito de Cristo e, ao se intencionarem em conhecer a Cristo, abandonam as expectativas, pois nosso discurso difere de nossa maneira de viver Cristo. Misericórdia!

O que Jesus anseia ver em seus discípulos? O mesmo que Ele viu nas criancinhas: um espírito de receptividade pura e simples, dependência completa e confiança radical no poder, na misericórdia e na graça de DEUS mediante o Espírito de Cristo. Ele declarou: "“Sim, eu sou a videira; vocês são os ramos. Quem permanece em mim, e Eu nele, produz muito fruto. Pois, sem mim, vocês não podem fazer coisa alguma". (João 15:5).

Obedecer ao desafio! Acreditar no que os olhos não podem ver, aceitar ao chamado de que Ele fará maravilhas, é uma realidade para aqueles que desejam ser chamados de discípulos do Senhor.

O convite está aberto para nós. A garantia de viver em Vida Plena aqui na terra dependerá do sim que sairá de minha boca.

E você, aceitaria o convite do Senhor?

 

  

REFERÊNCIAS

Bíblia Nova Versão Transformadora. Disponível em: <https://www.bibliaonline.com.br/nvt>. Acessado em: 22 nov. 2020.

MANNING, Brennan. A assinatura de Jesus: o chamado a uma vida marcada por paixão santa e fé inabalável. Traduzido por Maria Emília de Oliveira. 1 ed. São Paulo: Editora Vida, 2014.



[1] Pastor - e-mail: robinson.luis@bol.com.br - @prrobinsonlaraujo

[2] TAYLOR, Daniel. The Myth of Certainty. Waco, TX: Jarrel, 1986. P. 134.

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