Robinson
L Araujo
Sem
nenhuma demagogia, a principal diferença da comunidade composta por pessoas que
servem ao Senhor, é a expressão viva do amor de DEUS. Fato é que em I João
4:11-12, acaba por instruir: “Meus
amigos queridos, se DEUS nos amou assim, então devemos nos amar uns aos outros.
Ninguém viu DEUS, nunca. Mas, se amamos uns aos outros, DEUS habitará no íntimo
do nosso ser e Seu amor será completo em nós – amor perfeito!”.
Sendo
convidados a expressar o mais verdadeiro amor, amor esse sendo a própria
essência de DEUS, caso contrário não estaríamos mais aqui, devido ao egoísmo
dos pais Adão e Eva, quando se deixaram ser enganados pela astúcia do diabo,
gerando o desejo de serem iguais a DEUS: “então a serpente disse à mulher:
“vocês não vão morrer. DEUS sabe que, no momento em que comerem daquela árvore,
vocês vão perceber a realidade e serão como DEUS: conhecerão todas as coisas,
tanto o bem quanto o mal”” – (Gênesis 3:4-5).
Naquele
momento, gerou-se no coração do homem a ganância e o ego, não se importando com
aqueles que estão ao seu lado, a não ser o desejo próprio. Todavia, a referida
atitude tem ecoado aos dias atuais, gerando o distanciamento do amor que se gerou
no coração do Pai e transmitiu ao homem e, desta forma, negligenciado por ele -
o amor Ágape.
Importante
lembrar que para os gregos antigos a palavra ‘amor’, tinha muitos significados.
Embora estas formas de amor sejam movidas pelo afeto e pelo apego, são todas
distintas e isso, eles dominavam bem. Prova disso é que existem sete palavras
gregas que descrevem o amor em todas as suas formas e nuances, em vez de apenas
uma que se aplica a vários contextos, sendo:
1.
Eros - É paixão, luxúria e
prazer. Trata-se de uma apreciação pelo ser físico ou pela beleza de uma
pessoa, e é impulsionado pela atração e desejo sexual;
2.
Storge - O amor dos pais pelos filhos, ou ‘amor de
sangue’, que, cada vez mais, está ausente em nossa cultura, à medida que às
famílias se desfazem;
3.
Philia - Amor pelos amigos, que nossa cultura tem
perdido em larga escala, em decorrência da falta de tempo para se compartilhar
interesses comuns e porque forças como a competição e a idolatria de se galgar
a hierarquia corporativa evitam que colegas de trabalho sejam amigos;
4.
Ludus - É o amor
lúdico ou sem compromissos. Descreve a situação de ter um crush e agir de
acordo com isso. Tem a ver com diversão, sendo que essa palavra tem um
significado diferente para cada pessoa. Ludus é o amor que
sente numa aventura casual, sexual, excitante e sem nenhuma implicação de
obrigação. De todas as palavras gregas para amor, esta, mais do que as outras,
vem sem qualquer apego a eros ou philia.
5.
Philastorge – Amor
cordial, que aprofunda a amizade até transformá-la em um parentesco, tão firme
quanto um laço de sangue;
6.
Philadelphia – Amor
e amizade entre irmãos e irmãs, que é exemplificado a perfeição na comunidade
cristã, quando podemos, de verdade, e chamar-nos de ‘irmão e irmã’;
7.
Ágape – Amor
que não exige amor em troca, que é inteligente e determinado, sempre voltado
para a necessidade do outro, como o que DEUS nos concedeu.
Importante
salientar que a crença litúrgica, baseada em Gênesis 1, mostra como o projeto
inicial de DEUS para o mundo era de completa harmonia e ordem, com cada
elemento se relacionando com todos os outros e com Ele próprio. É claro que
essa harmonia se rompeu com a queda, e esse é o motivo fundamental da falta de
comunidade que enfrentamos nos dias atuais.
Voltando
ao livro de I João 4:7-10, ele afirma:
Meus
amigos amados, continuemos a amar uns aos outros, pois o amor vem da parte de DEUS.
Quem ama é nascido de DEUS e tem um relacionamento real com ele. Quem se recusa
a amar não sabe o que mais importa sobre DEUS, pois DEUS é amor.
Vocês não podem conhecê-Lo se não amam. Foi assim que DEUS demonstrou seu amor
por nós: DEUS enviou seu único Filho ao mundo para que pudéssemos viver por
meio dele. É desse amor que estamos falando. Não que tenhamos amado a DEUS, mas
que ele nos amou e enviou seu Filho como sacrifício para purificar nossos
pecados e consertar os danos que eles causaram em nosso relacionamento com DEUS.
Mesmo
com a queda, a humanidade é convidada a viver o amor de uns para com os outros.
Fato é que, o próprio Jesus Cristo leva a reflexão incisiva, registrada em
Mateus 22:37-40,
veja:
Jesus
respondeu: “‘Ame o Senhor seu DEUS com toda a paixão, toda a fé e toda a
inteligência’. Esse é o mais importante, o primeiro de qualquer lista. Mas há
um segundo, ligado a esse: ‘Ame o próximo como a você mesmo’. Esses dois
mandamentos são como elos de uma corrente: tudo que está na Lei de DEUS e nos
Profetas deriva deles”.
Além
da queda, existem fatores que cada vez mais têm levado ao distanciamento da
comunhão em comunidade, tornando-se em muitos casos apático as necessidades do
próximo.
No
geral, no decorrer da história, a sociedade se organizou em grupos pequenos:
clãs, tribos, famílias, grupos étnicos, dentre outras formas, permanecendo como
padrão através da maior parte da história, como um ajuntamento mais íntimo na
vida familiar e no cenário local onde se fixavam e viviam, exercendo suas
atividades. Além do que, acabavam por fornecer um ambiente familiar e
comunitário.
Esse
tipo de estrutura social, que estimulava a comunidade, começo a se desfazer
intensamente, com alguns fatores mais atuais, como por exemplo: a Revolução
Industrial; a II Guerra mundial teve seu papel em virtude de as mulheres
passarem a trabalhar fora de casa; a Revolução Tecnológica, ao ponto de Jacques
Ellul afirmar que a tecnologia tornou-se
uma ruptura tão drástica quanto à queda.
Tecnologias
como a Televisão, que por muito tempo começo a minar principalmente a
intimidade dos lares, levando um ‘amor’ distorcido, comparado com a Palavra de
DEUS, como por exemplo a traição no casamento implantado pelas novelas e, em
muitos casos, as pessoas acabavam por torcer no sucesso do ato.
O
passar por um Pandemia mundial provocado pela COVID-19, onde levou ao
afastamento das pessoas, tornando-as insensíveis em virtude do medo que fora
implantando, juntando-se a isso a Internet, onde buscava-se, em muitos casos,
amizades ‘escuras’, proporcionando ainda mais o afastamento dos propósitos de
DEUS.
Não se
pode deixar de mencionar os propósitos eternos de DEUS, sendo: Amar a DEUS
sobre todas as coisas; amar ao próximo como a ti mesmo; pregar a Sua Palavra;
batizar as pessoas que se arrependeram e por último, ensiná-las.
O problema,
entretanto, é que a nossa cultura definha pela falta da comunidade. Ela tem
fome de intimidade verdadeira, já que não tem mais a estrutura social básica,
nem habilidade, nem o tempo necessário para aprender a desenvolvê-la. Peterson
(2001) afirma que um dos motivos primordiais na idolatria genital frenética de
nosso ambiente é que as pessoas estão com muita fome de intimidade social, mas
não sabem como cria-las.
Por outro
lado, a mídia bombardeia a todos, o dia inteiro, com a mensagem de que o único
caminho para se alcançar intimidade é ir para a cama com alguém. Muitos jovens
têm-se voltado para uma ‘união genital’ desprovida de qualquer amor e
responsabilidades que o ato conjugal acaba por oportunizar e cobrar, na
tentativa desesperadora de encontrar algum tipo de amor.
Isso se
dá ao fato do distanciamento dos outros seis significados para a palavra ‘amor’,
que tinha por significado aos antigos gregos, apegando-se somente a uma única,
sendo o EROS. Ele, por muitas vezes, acaba por satisfazer somente seu/meu ego,
violando a vontade do outro semelhante, sem preocupação de reciprocidade.
A cultura
atual acaba por mal conhecer os outros tipos do significado da palavra ‘amor’. Por
isso, faz-se necessário um treinamento intensivo para que nossas congregações
se transformem em uma comunidade verdadeira. A intimidade genuína e não genital,
que não busca seus interesses pessoais, requer exercício deliberado e
diligente. O simples fato de se ostentar o nome de ‘igreja’ não significa que
de fato se é uma verdadeira comunidade.
Faz-se
necessário que a comunidade cristã aprenda o verdadeiro significado do ‘amor’ Ágape,
o mais rico de todos. Embora os filósofos gregos da antiguidade acreditavam ser
o de menos importância, por ser desinteressado, a comunidade cristã, com
sabedoria, reconheceu que ele é o melhor termo para descrever o amor de DEUS
por cada pessoa.
Champlin
(2006, pg. 138) apresenta o pensar de William Shakespeare sobre o amor, veja:
O
círculo do amor de DEUS não tinha início, e não terá fim. O mor de DEUS inspirou
e garantiu a execução da missão tridimensional do Logos. Ele ministrou e
ministra na terra, no Hades e nos céus para ser tudo para todos, - afinal – O amor
de DEUS é real universalmente, - não meramente potencial. O amor de DEUS será
absolutamente efetivo, - afinal - Limites de pedra não podem conter o amor. E o
que o amor pode fazer, isso o amor ousa fazer.
A pergunta para uma reflexão afinada da
vontade de DEUS sobre Sua comunidade seria: como então nutrir uma comunidade
aos padrões de DEUS? Você seria capaz de responder? Ou melhor: como posso me
nutrir ao ponto de mostrar a comunidade que participo o amor de DEUS?
É necessário
o não conformismo com tudo o que ocorre em nossa volta. Para isso, o Apóstolo
Paulo deixou claro e nos chama para essa reflexão em Romanos 12;1-2, veja:
Portanto,
com a ajuda de DEUS, quero que vocês façam o seguinte: entreguem a vida
cotidiana — dormir, comer, trabalhar, passear — a DEUS como se fosse uma
oferta. Receber o que DEUS fez por vocês é o melhor que podem fazer por Ele.
Não se ajustem demais à sua cultura, a ponto de não poderem pensar mais. Em vez
disso, concentrem a atenção em DEUS. Vocês serão mudados de dentro para fora.
Descubram o que Ele quer de vocês e tratem de atendê-Lo. Diferentemente da
cultura dominante, que sempre os arrasta para baixo, ao nível da imaturidade, DEUS
extrai o melhor de vocês e desenvolve em vocês uma verdadeira maturidade.
Diante
disso, cabe a cada um:
1. Recorrer
a ajuda de DEUS;
2. Entregar-se
por completo ao Senhor, ao ponto dEle ter absoluto controle sobre tudo;
3. Estar de
coração aberto para receber tudo o que DEUS tem para dar, sendo bom ou mal,
segundo minha própria avaliação;
4. Não se
ajustar a cultura, ao ponto de ela controlar minha vida e atitudes;
5. Concentra
toda atenção em DEUS;
6. Estar aberto
a mudanças, não exteriores e sim, aquelas que precisamos que nos correm por
dentro, como frutos do próprio pecado;
7. Descobrir
o que DEUS quer de mim e não se preocupar com meu irmão;
8. Ter a
convicção que a cultura que ora domina a sociedade, tem como único objetivo a
destruição dos princípios e valores demandados por DEUS;
9. Exercer
fé que DEUS vai extrair o melhor que tem em cada um de nós e, por fim
10. Tornarmo-nos
maduros.
De fato,
não é uma tarefa fácil. Portanto, faz-se necessário sairmos de nossa
passividade e avançarmos na oração, leitura da Palavra de DEUS e mudança nas
atitudes.
O mundo
anseia em conhecer o ‘amor’ Ágape. Amor que não exige amor em troca, que é
inteligente e determinado, sempre voltado para a necessidade do outro, como o
que DEUS nos concedeu.
Para que
a sociedade que nos cercam conheça, depende de um fator: que EU esteja
disponível a mostrar. Que DEUS nos capacite a entender a necessidade de vivar os
Seus desejos em comunidade.
BIBLIOGRAFIA
CHAMPLIN,
R.N. ENCICLOPÉDIA DE BÍBLIA TEOLOGIA E FILOSOFIA. São Paulo: Hagnos,
2006. v. 01.
PETERSON,
Eugene e DAWN, Marva J. O Pastor Desnecessário: redescobrindo o chamado.
Rio de Janeiro: Textus, 2001.
PETERSON,
Eugene H. A Mensagem|: Bíblia em Linguagem Contemporânea. São Paulo:
Editora Vida, 2014.