terça-feira, 11 de outubro de 2022

PALAVRA AOS PAIS NO DIA DAS CRIANÇAS


 

Robinson L Araujo[1]

 

INTRODUÇÃO

Vivemos dias de sacrifícios, onde a vida não está fácil para ninguém e como pais, temos a responsabilidade de criarmos e educarmos nossos filhos. Assistimos uma geração que cresce distantes, embora morando debaixo do mesmo teto, da companhia de seus pais, onde os pais acabam por transferir sua responsabilidade para as escolas, igrejas e até mesmo, a internet.

Sendo assim, a palavra não será para as crianças e sim para nós, que somos pais. O que temos feito de real na vida de nossos filhos? Que tipo de pais estamos sendo? Corrigimos suas atitudes, mostramos o caminho e a direção na vida deles?

Sou esposo e pai de duas filhas: Jeovanna, hoje com 17 anos e Emanuelly, com 13 anos. Um desafio, tendo como principal motivo a falta de um manual mostrando como de fato deveria criar minhas filhas. Creio que, pra você quem é pai/mãe, não foi ou, tem sido diferente, principalmente diante da concorrência desleais, como a internet, em virtude da infinitude de informações e cores aceleradas captadas por suas mentes, tornam nossas palavras monótonas e chatas.

Espero que possamos entender a dinâmica e mudar nossas atitudes.

 

1. MOSTRANDO A DIREÇÃO

A Palavra de DEUS, nos orienta: “Mostre a direção da vida para seus filhos – e, mesmo quando forem velhos, eles não se perderão”. (Provérbios 22:6[2]).

Peterson, (2009, p.737), afirma:

Uma das principais perguntas que todo cristão tem que fazer é: “Como posso ajudar melhor as pessoas a crescer em maturidade?”.

Os cristãos que pensam que podem indicar a alguém a direção certa na vida cristã desenhando mapas, compilando estatísticas e fazendo desenhos terão uma grande decepção. O processo de crescimento cristão não é uma questão de educação adequada; é uma questão de exemplo pessoal. Isso significa que toda vez que você se envolver em um ato de fé em Cristo, está indicando o caminho certo aos outros. Toda vez que você demonstra amor por alguém, está mostrando aos outros a vida de Cristo. Toda vez que você perdoa alguém, está apontando aos outras a direção que Cristo gostaria que seguissem.

O exemplo é sempre o melhor professor que qualquer manual de instruções.

A observação torna melhor o estudante do que simplesmente a leitura.

Mostrar a direção na vida de nossos filhos, não é simplesmente proporcionar a eles um bom colégio, boas roupas, as melhores coisas ou tudo que ele deseja. Vai mais além, começa do princípio de como estamos agindo em nossas atitudes como seus pais. O que nossos filhos vêm em nossa vida cotidiana a nosso respeito, dentro de nossas ações, na intimidade do lar.

Mostrar a direção na vida de nossos filhos é determinar objetivos na formação deles, não sendo uma tarefa fácil, requerendo muita dedicação durante anos. O que não podemos desprover de nossa mente é que DEUS assegura a Sua graça e sabedoria sobre nós, pais.

Como metas importantes na formação de nossos filhos, podemos citar:

Ø  Uma relação pessoal com DEUS – consciência de que é parte da família de DEUS e deve se relacionar diretamente com Ele;

Ø  Formação de caráter – capacidade para enfrentar as responsabilidades da vida, trabalho, casamento, sólida base moral, autodisciplina, autoestima sadia, domínio próprio, controle sobre os sentimentos, gostos...

Ø  Formação social – clara consciência de sua identidade, capacidade de se relacionar com outros, assumir compromissos, e sujeição às autoridades.

Ø  Formação física – bons hábitos alimentares associados a uma boa higiene pessoal. Horários corretos para se dormir, estudar e brincar. Estas boas práticas vão tornando a criança mais consciente de seus deveres e edificando seu caráter para ter uma vida ajustada a mais feliz.

Qual a direção que temos mostrado na vida de nossos filhos?

 

2. O USO DA DISCIPLINA

“Quem não corrige seu filho não o ama; ame seu filho, não deixe de discipliná-lo”. (Provérbios 13:24[3]).

Não poderia deixar de citar Peterson (2001, p. 2604), que adverte:

O uso da disciplina pode nos levar a um terreno muito perigoso. A maior parte da disciplina física que é aplicada pelos pais, baseia-se mais na impaciência ou nos desejos egoístas deles do que em um espírito de amor e no desejo de se obter boa disciplina. Além do mais, há um extremo de tratamento cruel, mediante o qual os pais ferem ou mesmo matam seus filhos.

Um bom pai ou mãe pode encontrar outros meios disciplinares exatamente tão eficazes, ou mais ainda, do que provocar dor física em seus filhos, mesmo que essa dor seja administrada com moderação e amor.

Importante salientar que a disciplina provida de dor física, não mudará o caráter de seu filho quando ele estiver crescido e maduro. Poderá ajudar! Lembre-se que existe a herança genética, espiritual e o destino. Se seu filho se tornar uma pessoa ruim quando adulta, a culpa pode não ser sua, mas da herança genética. Se seus filhos mostrarem ser pessoas boas, o crédito pode não ser seu.

Vejamos o que é disciplina[4]:

Disciplina é a obediência ao conjunto de regras e normas que são estabelecidos por determinado grupo. Também pode se referir ao cumprimento de responsabilidades específicas de cada pessoa. Do ponto de vista social, a disciplina ainda representa a boa conduta do indivíduo, ou seja, a característica da pessoa que cumpre as ordens existentes na sociedade.

Após a compreensão do que venha a ser disciplina, podemos citar três etapas da aplicação da mesma, sendo:

1.     Instrução: As crianças, por sua natureza em formação, necessitam de muito ensino e instrução para saberem o que fazer em todas as etapas da vida. Elas nascem num mundo onde tudo é estranho e novo e passarão a maior parte de sua vida aprendendo sobre tudo o que há no mundo;

2.     Admoestação: Admoestar significa “advertir de uma falta, repreender com bravura” ou, segundo o sentido literal do grego no novo testamento, “pôr na mente visando mudar a forma de pensar do outro”. É parte da criança desobedecer, sendo assim, caberá aos pais a repetição constante das instruções, reforçando o ensino;

3.     Correção: a correção de um filho é um treinamento de amor, aliado a uma boa instrução com admoestações.

Devemos por limites sim a nossos filhos. Quando olhamos para nossa infância, nem tudo era da maneira que queríamos, a vida era mais difícil. Hoje, queremos dar tudo a nossos filhos e acaba não lhes custando sacrifícios nenhum, em muitos casos. Talvez, porque não queiramos que eles “sofram” e damos aquilo que não tivemos no passado.

Corrigir o filho; direcionar; mostrar o que é certo e errado, sem dúvidas são maneiras de leva-los a reflexão daquilo que condiz com o que achamos certos. Até mesmo a utilização de uma “varinha”, para que ele saiba que errou, desde que, em momento algum o seu uso venha a constranger ou trazer dor e marcas pelo seu corpo.

- Lembro-me que na criação de nossa filha maior, em nossa sala, havia um buraco oco em virtude do prego que havíamos retirado do lugar. Uma vez, por sua malcriação, houve a necessidade de correção. Posterior, a varinha ocupou o lugar daquele prego e estava a sua vista. Nunca mais precisamos utilizá-la, pois ela compreendera a necessidade de sua utilização e cortava volta da mesma.

Nossos filhos precisam compreender e respeitar os limites. O problema que não colocamos mais limites na vida de nossos filhos, outros acabam achando que já são adultos.

Quando ainda pequenas, elas sempre estavam juntas em nossas compras de supermercado. Eu sempre olhava as prateleiras com elas com as mãos para trás, nós três. Mesmo desejando, aprendiam que o momento não era para comprarmos e compreendiam o limite de suas mãos, como eu.

Por outro lado, víamos crianças gritando, se jogando no chão, por vezes, xingando seus pais porque elas queriam aquele doce, ou biscoito. Ao menos para mim, entendia que se fossa minhas filhas, eu teria a maior vergonha se elas o fizessem.

Precisamos aprender a corrigir nossos filhos. A vida não é fácil, e as coisas são adquiridas com o suor do trabalho. Como afirmam: “dinheiro não vem fácil” e se eles não entenderem o valor das coisas pelo limite, se tornarão adultos consumistas e sem limites.

Disciplinar o filho é mostrar amor!

Entretanto, vejamos o que não se deve fazer ao utilizar a discipliana:

Ø  Colocar a criança sozinha em um quarto escuro (isto transmite rejeição);

Ø  Fazer passar vergonha em público e puni-la na presença de outras pessoas;

Ø  Ridicularizar (Você é um bobalhão, você não será nada na vida...);

Ø   Menosprezar (você faz tudo errado...);

Ø  Compará-las negativamente com outros;

Ø  Ameaçar (se não obedecer, eu vou...);

Ø  Dar berros, gritar, sair de si;

Ø  Privar a criança de direitos legítimos, como alimentar-se, beber água...;

Ø  Afirmar negativamente: “eu não gosto mais de você, DEUS não gosta de criança malcriada...”;

Ø  Bater, utilizando-se de outros métodos que não seja a varinha, como por exemplo: cintos, chinelos, tapas, socos...

Lembre-se: Pais que cobram demais perdem a admiração dos filhos. Deveriam colocar limites, mas jamais esquecer de elogiar ao menos três vezes mais do que criticam.

 

3. COM QUEM NOSSOS FILHOS ANDAM?

“Diga-me com quem você anda e direi quem você é: quem anda com o sábio torna-se sábio, mas quem anda om o insensato verá sua vida ir por água abaixo”. (Provérbios 13:20[5]).

Você conhece os coleguinhas de seus filhos? Conhece seus pais, sabe como vivem, o que fazem? Teve curiosidade em saber ou está tudo bem para você!

“Quem anda com sábios, se tornará sábio”. Aqui o autor mostra-nos a importância das boas companhias, sendo um truísmo, mas revela algo tão poderoso que foi o tema da primeira parte do referido verso: o homem que vive na companhia habitual dos sábios tende a tornar-se, ele mesmo, um sábio.

Agora, gostaria que pensássemos: temos sido boa companhia na vida de nossos filhos? O que temos passado para eles?

Ao invés de deixar os filhos a frente de um celular, com pessoas que muitas vezes não se conhece, onde invadem a mente das crianças, aliciando-os a práticas que o levam a vulnerabilidade emocional. Que tal, investir tempo na vida de seus filhos? Termos tempo de qualidade na vida deles.

Em “as cinco linguagens do amor”, temos que: Tempo de qualidade não é assistir à televisão ou ler uma revista com o filho por perto. Isso poderá satisfazer aquele que tem por linguagem de amor o toque físico e proximidade, mas para aqueles que precisam de tempo de qualidade, pode se tornar frustrante.

Para algumas pessoas, a primeira linguagem do amor está relacionada à qualidade de tempo mesmo que receba elogios o tempo todo, isso não seria o mais importante para ela. “Qualidade de Tempo” seria dedicar a alguém sua inteira atenção, sem dividi-la. Significa dirigir toda atenção para a outra sem ficar dando uma olhadinha na televisão, ou no celular, ou na revista, ou em qualquer situação que desvirtue a atenção.

Tempo de qualidade implica realmente em ouvir de verdade o que o outro está dizendo. A distração com outra coisa transmite não apenas que, o que a criança diz não ter importância, mas que ela mesma não é importante para você.

Os que falam esta linguagem apreciam sentar e conversar. Tendem a falar sobre assuntos sérios e com muita frequência se dispõem a compartilhar medos ou aspirações profundas. Para estes, o que importa é o tempo dedicado a conhecer seus pensamentos e sentimentos. O tempo pode ser apenas de 10 minutos, mas para aquele que fala a linguagem do tempo de qualidade, esses 10 minutos são preciosos.

Parece que todos exigem tempo com você? Preste atenção: às vezes o que vão lhe contar, para você pode não ter muita importância, mas para ele sim. Aprenda a escutar, a dar-lhe a atenção necessária, pois, quem sabe, ele não está desenvolvendo a linguagem do tempo de qualidade com você.

Dar um passeio, sair para comer juntos. O estar junto tem a ver com o focalizar a atenção. Quer dizer fazer coisas juntos e conceder atenção total a quem está conosco. A atividade em si não é o mais importante e sim a atenção que damos e recebemos.

Conversa de Qualidade: Isto significar parar tudo para conversar em um diálogo acolhedor sem interrupções. Ouvir por ouvir e na hora de comunicar o amor cumpra alguns quesitos básicos como: Olho no Olho, Atenção total, Saber escutar, Não interrompa para exprimir as suas própria ideias.

A vida é como uma cadeia de montanhas com múltiplas possibilidades. Cada passo do caminho é incerto, e parte do terreno é traiçoeiro. Somente uma pessoa sem experiência pensaria que é possível fazer a escalada sozinho.

 

4. FORMANDO SUCESSORES E NÃO HERDEIROS

Por último e não mais ou menos importante que os anteriores, temos a reponsabilidade de formarmos, dando uma direção na vida de nossos filhos. Não quero afirmar que seguirão nossas instruções a finco, mas não podemos desistir na caminhada da formação.

Augusto Cury (2021), no livro Pais Inteligentes Formam Sucessores, não herdeiros, comenta que pais no mundo todo, ao criticarem e cobrarem excessivamente de seus filhos, geram herdeiros e não sucessores. Herdeiros são imediatistas, querem tudo rápido e pronto como um hambúrguer, enquanto que sucessores elaboram seus projetos, pensam a médio e longo prazos. Herdeiros vivem a sobra de seus pais, enquanto que sucessores constroem seu legado. Herdeiros exploram seus pais como pequenos ditadores, enquanto que sucessores se curvam em agradecimento aos seus educadores, inclusive, seus professores. Herdeiros detestam o NÃO, enquanto que sucessores sabem a importância dele. Herdeiros são gastadores irresponsáveis da sua herança, seja ela a vida, os valores, a ética ou os bens materiais, enquanto sucessores preservam e enriquecem sua herança.

A Bíblia nos assevera em Efésios 6:3[6]: “Pai, não provoquem seus filhos, sendo duros demais com eles. Tratem de segurá-los pela mão para guia-los no caminho do Senhor”.

“Segurar pela mão e guia-los”, não é formar herdeiros tão somente, vai muito além, é realmente investir no discipulado, mostrar como é o caminho, é fazê-los sucessores e futuros homens e mulheres de valor.

Conheço muitos filhos que, ao perderem seus pais, sendo alguns com uma vida financeira bacana, acabaram por ficarem falidos. Não sabiam como o dinheiro surgia, mas sabiam gastá-lo demasiadamente. Eram somente herdeiros, não estavam aptos para administrar a fazenda, empresa, comercio deixado por seus genitores.

Quando se forma sucessores, eles sabem o custo para gerar riquezas. Possuem firmeza na hora de investir e sabedoria na hora de gastar. Viram quão difícil foi seus pais chegarem onde chegaram e, se não forem bons administradores, acabarão falidos.

O que estamos formando: herdeiros ou sucessores?

Que DEUS nos dê a capacidade de formarmos filhos sucessores.

 

REFERÊNCIAS

CHAMPLIN, Russel Norman. O Antigo Testamento Interpretado: versículo por versículo: volume 4: Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cantares. 2ª ed. São Paulo: Hagnos, 2001.

CURY, Augusto. Vá mais longe: treine sua memória e sus inteligência. Jandira, SP: Principis, 2021.

PETERSON, Eugene H. A Mensagem|: Bíblia em Linguagem Contemporânea. São Paulo: Editora Vida, 2014.

PRESBITÉRIO. A FAMÍLIA UM PROJETO DE DEUS: Livreto II – Pais e Filhos. Série; “Fazei discípulos”. Igreja em Porto Alegre, 2014.



[1] Pastor. Pós graduado em Aconselhamento Pastoral e Terapia Familiar. Redes sociais: @prrobinsonlaraujo

[2] Bíblia A Mensagem

[3] Bíblia A Mensagem.

[4] Disponível em: < https://www.significados.com.br/disciplina/>. Acesso em: 10 out. 2022.

[5] Bíblia A Mensagem

[6] Bíblia A Mensagem

terça-feira, 4 de outubro de 2022

ANSIEDADE PROVOCADA PELOS PÚLPITOS DA RELIGIOSIDADE

 


Robinson L Araujo[1]

 

O que tem levados pessoas a viverem cada dia mais ansiosas? Qual a sua preocupação? O que tem levado você a perder até mesmo o sono nos últimos dias?

Para entendermos melhor, vamos definir a palavra ansiedade. Ansiedade é um sentimento ligado à preocupação, nervosismo e medo intenso. Apesar de ser uma reação natural do corpo, a ansiedade pode virar um distúrbio quando passa a atrapalhar nosso dia a dia. De fato, os transtornos de ansiedade são mais comuns do que se imagina.

Vivemos dias conturbados, principalmente relacionados a política. A postura daqueles que estão na frente de congregações (lugar que muitos intitulam de igreja), tem levado seus membros a viverem um verdadeiro medo e pavor do que poderá vir, se, caso o político A ou B - entendendo direita ou esquerda – ganhe as eleições.

Paz (2022), nos alerta:

No Brasil de 2022, seja à direita, seja à esquerda, uma polarização permeada por ódio político tem contaminado comunidades e relacionamentos cristãos. Existe um ar de “salvacionismo” por meio da política. Existe um ar de “guerra cultural” e um “clima de violência em nome de Deus” que têm exposto um lado sombrio do evangelicalismo brasileiro.

Política importa para o cristão. Devemos debater sobre política e defender pautas e valores caros à Palavra de Deus. Contudo, essa consciência e cosmovisão cristã na política têm demonstrado uma complacência com pecados de políticos de estimação e um ódio político contra adversários em nome de Deus. Nesse cenário, quantos cristãos têm se parecido mais com seu político admirado do que com Cristo?

A postura cristã, que deveria se assemelhar ao serviço e testemunho de Daniel na Babilônia, tem se tornado uma atitude de domínio do mundo por meio da força do Estado.

Não que o cristão não deva se envolver em política, mas a própria ignorância daqueles que estão a frente, acabam por levar o caos na vida dos que congregam. O lugar que seria para transformar vidas, abraçar e transmitir paz ao aflito, fortalecer o cansado e fadigado, leva o ódio contra os próprios irmãos, por não concordarem com seus anseios políticos, sem ao menos conhecerem a história e o contexto. Oportunistas!

Importante frisar que a política não tem o papel de “salvar” a Igreja. Somos salvos pelo ato de reconhecimento do que Jesus Cristo fez na cruz do calvário, quando aceitamos e confessamos, nos levando a um direcionamento diferente do meu modo de viver.

Entretanto pessoas passam a sentir certo “medo” do futuro. O medo é importante em nossa caminhada, por nos impor limites. Porém, seu excesso nos prejudica e leva-nos a uma vida de ansiosa. O livro de Eclesiastes 2:22[2], adverte: “O que as pessoas ganham com tanto esforço e ansiedade debaixo do sol?”

Debaixo do sol é conotação de vida cansada, fadigada, sofrida. Para que viver, debaixo de tamanho sofrimento e mais, levar as pessoas a viverem assim?

Nos versos 23 e 24 do mesmo capítulo, ele responde:

Apenas dias plenos de tristeza, amargura, fadiga e insónias. Não há dúvida que é algo que não tem lógica.

Portanto cheguei à conclusão que não havia nada melhor para o ser humano do que comer, beber e beneficiar do resultado do seu esforço, do seu trabalho. Constatei assim que é Deus quem lhe oferece este prazer, porque quem é que pode comer ou gozar da vida se não lho for concedido por ele? (Eclesiastes 2:23,24[3]).

O púlpito é lugar de denuncia do pecado, oferecimento de uma mudança no propósito de vida, religação do homem pecador criado por DEUS e afastado/condenado pelo pecado, para uma vida de adoção, deixando DEUS de ser apenas Criador e se tornando Pai.

DEUS tem nos oferecido o próprio prazer da vida, fruto de nosso trabalho, trabalho esse conquistado com noites acordadas nos estudos, se preparando para o mercado de trabalho e, ao invés de aproveitar, acabamos enclausurados pelo medo que a ansiedade exagerada proporciona.

Paz (2022) ainda afirma que a idolatria em tempos de polarização política tem demonstrado algumas consequências. Consequências longínquas das verdades que a Palavra de DEUS proporciona ao homem, vejamos:

1)           Não-denúncia dos pecados de políticos de estimação;

2)           Suavização dos pecados de um polo político;

3)           Substituição do amor cristão por ódio político;

4)           Apropriação da Palavra de Deus para justificar uma postura puramente agressiva e violenta contra oponentes políticos;

5)           Ira contra irmãos que criticam políticos admirados;

6)           Redes sociais de alguns líderes ortodoxos que se tornaram um centro de ódio político;

7)           Desejo que o Estado seja o instrumento para implantar o Reino de Deus na terra.

A isso, o Apóstolo Pedro deixou claro:

Abandonem-lhe (Entreguem-lhe) toda a vossa ansiedade, porque ele cuida de vocês.

Vivam despretensiosamente; e estejam vigilantes quanto aos ataques do Diabo, o vosso inimigo, que anda à volta rugindo como um leão, buscando a quem possa tragar. (1 Pedro 5:7,8[4]).

O apóstolo Pedro nos convida a abandonar, ou seja, deixar, afastar-se de (um lugar) para sempre ou por um longo período, nosso ímpeto de ansiedade, nas mãos de DEUS.

Existe uma preocupação sim, que devemos levar em conta, algo que a ideologia política tem levado a deixar no esquecimento, que reflete em nossa vida espiritual, a vigilância.

O nosso maior adversário é aquele que não enxergamos, ou seja, o Diabo. Ele tem um propósito que é de roubar, matar e destruir e, é o que ele tem feito nesses dias, quando o medo e o ódio são disseminados na vida das pessoas que estão dentro das congregações.

Tenha avivado em sua mente o que Filipenses 4:6-7[5] afirma:

Não se aflijam nem se preocupem. Em vez de se preocupar, orem. Permitam que as súplicas e os louvores transformem seus receios em orações, permitindo que Deus os conheça. Antes que vocês percebam, a compreensão da integridade de Deus, que só contribui para o bem, virá e os acalmará. É maravilhoso o que acontece quando Cristo retira a preocupação do centro da vida humana.

Ao invés de preocupações, devemos como Corpo de Cristo, orar. A Palavra de DEUS ainda nos afirma que: “E sabemos que Deus faz todas as coisas cooperarem para o bem daqueles que o amam e que são chamados de acordo com seu propósito. (Romanos 8:28[6]). Aqui cabem, ao menos, três sugestões para evitar o “salvacionismo” político, proposto por Paz (2022):

1)           Desconfie de quem só vê um gume na Palavra de Deus para criticar um lado político;

2) Nunca tenha político de estimação que não possa criticar; e
3) Não esqueça que o Reino de Deus não é deste mundo.

O Senhor, por meio do Profeta Oséias, acaba por advertir, tanto o povo, como aqueles que se intitulam sacerdotes, no seu capítulo 4[7], vejamos: “O Meu povo está arruinado porque não sabe o que é certo nem verdadeiro” (v.6). Temos sofridos como povo de DEUS por não procurarmos entender as coisas.

Não podemos perecer pela falta de entendimento. Não é porque alguém lança que “DEUS falou com ela” que realmente o Senhor falou com ela. Contra DEUS não há argumento, mas será que o pronunciado realmente é de DEUS? Só entenderemos se nos abstermos da ignorância e nos propusermos a buscar sabedoria, principalmente pela leitura da Palavra de DEUS.

Depois, no verso 7 e 8, direciona aos líderes: “Vocês viraram as costas para o conhecimento, por isso, Eu virei as costas para vocês, sacerdotes. Vocês se negam a reconhecer a revelação de DEUS, por isso já não reconheço seus filhos. Eles transformam a Glória em vergonha”.

Para concluirmos, gostaria que você refletisse no que Filipenses sugere:

Resumindo, amigos, o melhor que vocês têm a fazer é encher a mente e o pensamento com coisas verdadeiras, nobres, respeitáveis, autênticas, úteis, graciosas — o melhor, não o pior; o belo, não o feio. Coisas para elogiar, não para amaldiçoar. Ponham em prática o que aprenderam de mim, o que ouviram, viram e entenderam. Façam assim, e Deus, que é soberano, irá tornar real em vocês a mais excelente harmonia. (Filipenses 4:8-9[8]).

Devemos provocar uma Metanoia em nossa maneira de pensar e agir. A política é boa? Sim, mas não para ocuparem nossos púlpitos, segregando os ouvintes que estão sedentos de DEUS. O poder de DEUS não se relaciona com um voto.

Sendo assim, somos convidados a encher nossa mente com o que há de melhor da parte de DEUS, a verdade, a nobreza, o respeito, com o melhor e não o pior, com coisas que realmente nos levam para cima e não as que nos arrastam para baixo.

A nossa guerra não pode ser entre nós. Efésios 6:12[9], afirma: “Pois na verdade o nosso combate não é contra seres humanos, mas sim contra forças malignas, contra ditaduras que atuam nas trevas, contra verdadeiros exércitos de espíritos do mal que dominam nas esferas do mundo sobrenatural”.

Lembrando o que o Apóstolo Paulo escreveu aos romanos: “Submetam-se aos poderes instituídos. Porque a autoridade que possuem é-lhes concedida por Deus. Por isso os que recusam obedecer às leis do país revoltam-se contra uma ordem que Deus estabeleceu, e trarão sobre si o seu juízo. (Romanos 13:1,2[10]).

Nada acontece sem a permissão de DEUS. Não importa quem vença as eleições, temos o papel de interceder, clamar, pedir que o Senhor transforme a vida e atitudes dos que nos governam. Denunciando o pecado e as falcatruas, para vivermos a vontade do Pai.

A nossa força está na ORAÇÃO.

Que possamos Viver em Vida Plena.

 

REFERÊNCIAS

Ansiedade. Disponível em: < https://zenklub.com.br/blog/saude-bem-estar/ansiedade/#:~:text=Ansiedade%20%C3%A9%20um%20sentimento%20ligado,comuns%20do%20que%20se%20imagina.>. Acesso em: 04 out. 2022.

Bíblia Nova Versão Transformadora. Disponível em: <https://www.bibliaonline.com.br/nvt>. Acesso em: 04 out. 2022.

Bíblia O Livro. Disponível em: < https://www.bibliaonline.com.br/ol>. Acesso em: 04 out. 2022.

PAZ, Anderson. Idolatria em tempos de polarização política. Disponível em: <https://www.ultimato.com.br/conteudo/idolatria-em-tempos-de-polarizacao-politica>. Acesso: 04 out. 2022.

PETERSON, Heugene H. Bíblia A MENSAGEM em Linguagem Contemporânea. São Paulo: Editora Vida, 2011.


[1] Pastor – Redes sociais: @prrobinsonlaraujo

[2] Bíblia Versão Transformadora

[3] O Livro

[4] O Livro

[5] A Mensagem

[6] Bíblia Nova Versão Transformadora

[7] A Mensagem

[8] A Mensagem

[9] O Livro

[10] O Livro


segunda-feira, 26 de setembro de 2022

O FARDO QUE NÃO CORRESPONDE À UMA VIDA CRISTÃ.

 


Robinson L Araujo[1]

 

Ontem, estando no culto, a irmã que fez abertura do mesmo, pediu para a congregação abrir a Bíblia no livro de Mateus, capítulo 11, dos versos 28-30. Em seguida, começou a trazer uma breve explanação sobre os versículos lidos, comparando a sua vida diária. O que chamou atenção, foi justamente o “fardo” na igreja, como sendo algo cansativo, dentre tudo o que deveria fazer, ainda tinha as “coisas” da igreja.

Curiosamente, uma das filhas acompanhara seu bisavô em outra congregação, onde a mensagem foi transmitida por um “pregador”, via on-line. Segundo ela, o cerne da mensagem era o julgo que o mesmo lançava sobre a vida das pessoas, bem como, ainda afirmando: “se você lutar pelos seus direitos, exercendo cidadania, estaria em desobediência”.

O que está sendo lançado sobre a vida das pessoas? Têm se vivido dias pesados, onde as pessoas a cada dia se sobrecarregam, sendo uma das causas a própria instabilidade financeira que assola, não somente o Brasil, como o restante do mundo. São momentos tensos, que se acaba por ficar inteiriçados.

Voltando ao texto da leitura de Mateus 11:28-30, temos:

“Vocês estão cansados, enfastiados de religião? Venham a mim! Andem comigo e irão recuperar a vida. Vou ensiná-los a ter descanso verdadeiro. Caminhem e trabalhem comigo! Observem como eu faço! Aprendam os ritmos livres da graça! Não vou impor a vocês nada que seja muito pesado ou complicado demais. Sejam meus companheiros e aprenderão a viver com liberdade e leveza”. (Bíblia A Mensagem).

Diferentemente do que se assiste em púlpitos, Jesus Cristo veio para retirar o fardo da religiosidade do ombro das pessoas que já levam uma vida “sofrida”, não imprtnado eu ela seja: rico ou desprovido de bens; independente da etnia, cor e nível cognitivo. Ele veio libertar a humanidade!

Entretanto, Jesus Cristo não deixou de lançar seu fardo sobre os ombros daqueles que, de maneira voluntária, aceitem Seu convite, “Tomem sobre vocês o meu jugo[2]...”. Mas, que jugo é esse? Vejamos o que é jugo[3].

Jugo é uma palavra que vem do latim “jugum” que, por sua vez, é proveniente do grego “zygon”, indicando uma peça de madeira que é usada para juntar dois bois.

O jugo, também chamado junta de bois ou de canga, é colocado sobre o pescoço desses animais, fazendo com que andem no mesmo compasso para puxar carroças, carros de bois ou ferramentas agrícolas, como o arado.

Jugo também era a denominação de uma peça de madeira em formato de forca, que os romanos utilizavam para fazer passar os inimigos derrotados em batalha.

Passemos a fazer a seguinte análise: Cristo convidou e ainda convida para carregarmos Seu jugo, isso significa que as pessoas já estavam presas a um jugo pesado, alocado sobre seus ombros pela religiosidade dos líderes da época. E hoje, podemos afirmar que é diferente?

Esmiuçando o texto de Mateus no olhar do Mestre, poderemos observar Seu desejo ardente de libertar o povo do jugo que a religião imputava e ainda impõe, Seu convite e olhar está sobre nossa geração. Observemos:

1.     “Vocês estão cansados, enfastiados de religião?” - A religião leva às pessoas ao fracasso espiritual – Todavia, não se pode deixar de entender que a religiosidade não é espiritualidade. A religiosidade trata da maneira de refletir sobre a vida religiosa e as suas ações. A espiritualidade busca a verdadeira essência da religião, através de uma conexão maior com a comunhão e a partilha com o outro;

2.     “Venham a mim! Andem comigo e irão recuperar a vida”. - A religião transfigura quem somos – Jesus Cristo, ao ver aquelas pessoas sofrendo pelo peso da religião, concedeu a possibilidade de terem vida novamente, ou seja, sermos quem somos, de forma transformada, nova, sem o peso imposto pelos líderes religiosos;

3.     “Vou ensiná-los a ter descanso verdadeiro”. - A religião acaba por trazer medo, que leva o pavor – Acabam por imputar o medo do inferno. O medo não afasta a possibilidade de ir para algum lugar, ele nos leva a ter mais cuidados e assim, fica-se apavorado, tenso! Diferentemente, após o aceite da mudança de jugo proposto por Jesus, Ele proporciona descanso na caminhada. O caminho foi aberto para uma vida em eternidade ao Seu lado, aceitei a “canga” que prende o meu pescoço ao dEle, não tenho mais medo;

4.     “Caminhem e trabalhem comigo!”  - A religião faz o mesmo convite– A diferença dos dois convites é: um aprisiona e o outro liberta;

5.     “ Observem como eu faço!” – A religião tira a possibilidade de observar – Aqui se tem uma diferença grotesca. Os líderes acabam por impor a maneira que se deve fazer e viver, trazendo domínio sobre aqueles que aceitaram o jugo do Mestre. Recebemos um convite especial: Observem. Devemos parar para observar, caso contrário não será possível entender o convite feito: “como Eu faço”;

6.     “Aprendam os ritmos livres da graça!” – A religião encoberta a graça com o cobertor da obediência cega – Graça, como a própria Bíblia apresenta é: “Porque pela sua graça é que somos salvos, por meio da fé que temos em Cristo. Portanto a salvação não é algo que se possa adquirir pelos nossos próprios meios: é uma dádiva de Deus”. (Efésios 2:8 – O Livro). O ritmo da graça nos proporciona liberdade em Jesus Cristo. Não existe outro caminho para chegarmos a uma eternidade ao lado do Pai, se não for o caminho da graça, que a Cruz do calvário nos proporcionou, será vão;

7.     “Não vou impor a vocês nada que seja muito pesado ou complicado demais”. – A religião proporciona peso – Costumes e tradições, atrelados a doutrinas humanistas, acabam por tornar a salvação algo tão complicado, pesado e impossível de se alcançar. Não é pela imposição! Com certeza, Jesus Cristo viu o sofrimento nos olhos daquelas pessoas, imediatamente ofereceu o convite de se achegarem a Ele,

8.     “Sejam meus companheiros e aprenderão a viver com liberdade e leveza”. A religião leva ao afastamento do Senhor – Se atrelar ao Jugo que Cristo ofereceu, é um convite a intimidade que o cristão deve experimentar ao Seu lado. Estar atrelado ao outro, quer dizer que a partir daquele momento passarão a: comer, caminhar, dormir, ir ao banheiro tudo juntos e tudo mais que fizermos, a pessoa estará ao nosso lado, devido a um jugo que fora colocado ao pescoço, unindo uma a outra. A caminhada sob jugo, leva a uma intimidade e proporciona amizade. Quando encontra-se uma pessoa ao ponto de chama-la de amiga ou amigo, é porque existe  liberdade uma para com a outra, sendo o que o Senhor tem a oferecer aos que aceitam se sujeitar ao Seu jugo.

De fato, existe uma grande diferença entre um convite para se sujeitar a um jugo e a imposição do jugo. Só poderemos entender essa diferença se adquirirmos intimidade com o Mestre. Essa intimidade é adquirida quando me sujeito a uma vida em devocional por meio da oração e leitura de Sua Palavra, caso contrário, realmente estaremos acorrentados a um peso e esse peso acabará levando a uma caminhada cansativo e exaustiva, com tendências ao afastamento do Senhor e suicídio espiritual.

Para finalizar, não poderia deixar de citar João 10:10: “O ladrão vem para roubar, matar e destruir. Eu vim para lhes dar vida, uma vida plena, que satisfaz[4]”. O que sobrepor a Graça de DEUS sobre nossa vida, ao ponto de destruir, roubar e matar, não passa de religião.

Que possamos aceitar Seu convite, ao ponto de passarmos a viver numa liberdade que somente Ele poderá proporcionar, levando-nos a Viver em Vida Plena.


[1] Pastor. Formado em Teologia e Filosofia, com pós graduação nas áreas: Terapia Familiar; Administração e Liderança Eclesiástica; Aconselhamento e Psicologia Pastoral; Docência em Filosofia. E-mail: pr.profrla@gmail.com

[2] Mateus 11:29 (Bíblia Sagrada, Nova Versão Transformadora).

[3] O que é Jugo? Disponível em: <https://www.meusdicionarios.com.br/jugo/>. Acessado em: 26 set. 2022.

[4] Bíblia Sagrada, Nova Versão Transformadora