segunda-feira, 18 de junho de 2018

A VERDADE DO AMOR DEPENDE DE TOTAL AUTO ESVAZIAMENTO



 Robinson Luis de Araujo[1]

INTRODUÇÃO
Vive-se tempos difíceis, onde o egocentrismo tem tomando conta de pensamentos e atitudes, não sendo diferente em nossas igrejas. O amor a base de trocas por interesses pessoais, influências e materiais têm levado a uma banalização do Evangelho de Jesus Cristo.
Não podemos viver preso a aquilo que o mundo nos oferece. A Igreja na atualidade, deve contrariar todas as facilidades oferecidas pelo sistema mundano se quiser fazer a diferença em tempos atuais.
Deixar a busca do bem próprio tendo como desafio o bem comum, nos levam a reflexão do que Jesus quer, quando somos levados a vivermos a VERDADE e convocados a nos esvaziarmos de nossos interesses, sendo a essência do Evangelho.

1. UMA ATITUDE CONTRA OS INTERESSES PESSOAIS
Quando Jesus chega ao templo, é decepcionado pela ambição do homem, em levar proveito até nas coisas de DEUS, Seu Pai, sendo levado a reprimi-los. Vejamos o que João 2:13-18 nos fala:
A festa da Páscoa, celebrada pelos judeus na primavera, estava para acontecer, e Jesus viajou para Jerusalém. Ele encontrou o templo infestado de vendedores de gado, ovelhas e pombas. Os agiotas também estavam ali, trabalhando a todo vapor. Jesus fez um chicote com tiras de couro e os expulsou do templo. O gado e as ovelhas fugiram. Ele virou a mesa dos agiotas, e as moedas rolaram para todo o lado. Aos vendedores de pombas, Ele ordenou: "Peguem suas coisas e caiam fora daqui! Não transformem a casa de meu Pai em!". Foi nessa hora que os discípulos  se lembraram de um texto das Escrituras: "O zelo pela Tua casa me consome".
Neste texto, temos o Cordeiro submisso de DEUS, opostamente ao descrito em Mateus 11:29, que diz: "Tomai sobre vós o Meu jugo, e aprendei de Mim, porque Sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para vossas almas". Ele acaba expressando de forma ríspida que: "vocês não vão transformar um espaço sagrado num passeio de consumo! Deixem de ser mentirosos! Visitar o templo deve ser um sinal de respeito ao Meu Pai e não uma forma de comercializar ou passear na busca do prazer que gera sacrifícios".
Quanto a atitude que Jesus tomou nessa hora, Manning (2007, p.15) esclarece:
O mais desconcertante é o amor intenso de Jesus pela verdade. Onde o dinheiro, o poder e o prazer mandam, o corpo da verdade sangra de mil feridas. Muitos de nós temos mantidos a nós mesmos por tanto tempo que nossas confortantes ilusões e justificativas assumiram uma aura de verdade; nós as apertamos em nosso peito como uma criança aperta um ursinho favorito.
Naquele tempo, existia a necessidade de sacrifícios pelos pecados. Isso era normal! Porém, quando Cristo chega ao Templo e visualiza, dentro de uma regra sacrificial, as pessoas se aproveitando para conseguirem proveitos próprios. Tanto os mercadores, quanto aqueles que deveriam trazer a oferta que deixavam de lado a oportunidade de se esforçarem para levar a oferta pelo pecado e aproveitavam a facilidade dos mercadores. Outro fato é que, caso não tivessem o dinheiro, poderiam se utilizar dos agiotas no empréstimo de dinheiro para a compra do animal ou pelo meio do "escambo" - a troca de outras mercadorias pelo animal. Fato esse que não gerava compromisso em trazer a oferta, banalizando o mandamento de DEUS.
Hoje em dia, as coisas não estão muito diferentes daquela época não. Manning  (2007, p. 16), ainda nos afirma:
A questão dolorosa que enfrentamos hoje em nossas igrejas é se o amor de DEUS pode ser comprado de forma tão barata. O primeiro passo na busca da verdade não é a resolução moral de evitar o hábito da mentirinha - por mais desagradável que uma deformação de caráter possa ser. Não se trata de uma decisão sobre deixar de enganar os outros, e sim da decisão de parar de nos enganar.
A quem achamos que enganamos com nossas "mentiras cristãs?" A DEUS? A nós mesmos? As pessoas que estão a nossa volta? A resposta é: NÃO. Não temos como enganar a DEUS e nem a nós, talvez a pessoa que esteja a nossa volta e não possui uma comunhão íntima conosco. Nossas palavras devem estar acompanhadas de nossas atitudes.
Manning (2007) ainda nos afirma que a menos que tenhamos a mesma paixão inexorável pela verdade que Jesus demonstrou no templo, estamos destruindo nossa fé, traindo o Senhor e nos enganando. O autoengano é inimigo da integridade, pois ficamos impedidos de nos ver como realmente somos. Ele encobre nossa falta de crescimento no Espírito da verdade, impedindo-nos de compreender nossa real personalidade.
É preciso que reconheçamos a necessidade de mudanças e que também cometemos nossos erros, caso contrário, não poderemos encontrar a verdade do DEUS vivo até enfrentarmos a realidade de nosso erro. Quando entendemos a estreita relação entre a busca da verdade e a conversão do coração, descobrimos uma das maiores realidades da essência da Bíblia de que, o contrário de termos uma vida em verdade, é termos uma vida de mentiras.
No evangelhos de João, o mentiroso obstinadamente recusa-se a ver a luz e a verdade e mergulha nas trevas. Lembre-se sempre: "o Diabo é o pai da mentira, Ele foi homicida desde o princípio e não se apegou a verdade. Quando mente, fala da sua própria linguagem, pois é mentiroso e pai da mentira". (João 8:44).
O diabo é um grande ilusionista, incitando as pessoas a  dar mais importância ao que não têm importância, desviando a nossa atenção do que é insuperavelmente verdadeiro. I João 1:8, nos afirma: "Se afirmarmos que estamos livres do pecado, estaremos apenas enganando a nós mesmos. Uma declaração dessas é um erro absurdo".
Vejamos o que Manning (2007, p. 24), nos afirma com veemência:
O conflito entre o pai das mentiras e a verdade, que é Jesus Cristo, permeia todo o evangelho de João. O Senhor não somente derrotou o mentiroso, mas nos deu parte de Sua vitória através do Espírito Santo: a exaltação de Jesus Cristo na cruz liberta o Espírito. O Espírito nos capacita a derrotarmos a mentira, o autoengano e a desonestidade; nos torna agradáveis para a verdade de DEUS e nos leva a experimentar as realidades eternas.
Romanos 5:5 ainda nos complementa: "Ora, a esperança não confunde, porque o amor de DEUS é derramado em nossos corações pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado".

2. O QUE DEVE SER REAL EM NOSSA VIDA CRISTÃ
O que deve ser verdadeiramente real para o cristão é a importância de DEUS para sua vida, dando a sua mente a exuberância da verdade, dando às coisas a devida importância que elas têm na realidade. Porém, nada é mais importante do que a salvação de uma vida para o Senhor.
Fica claro para nós o exemplo que Paulo nos dá sobre Jesus Cristo, descrito em Filipenses 2:5-8, que nos diz:
Tentem pensar como Cristo Jesus pensava. Mesmo em condição de igualdade com DEUS, Jesus nunca pensou em tirar proveito dessa condição, de modo algum. Quando Sua hora chegou, Ele deixou de lado os privilégios da divindade e assumiu a condição de escravo, tornando-se humano! E, depois disso, permaneceu humano. Foi Sua hora de humilhação. Ele não exigiu privilégios especiais, mas viveu uma vida abnegada e obediente, tendo também uma morte abnegada e obediente - e da pior forma: a crucificação.
Percebe-se em nossos dias que para uma maioria das pessoas, o mais real é o mundo da existência material, sendo o mundo de DEUS o mais irreal. O que mais importa são as pessoas influentes que nos cercam; as pessoas que se aproveitam das coisas e meios para a busca de seus interesses próprios; pessoas que dirigem o próprio destino. Dá-se a entender que o poderoso é o que faz coisas, não os que estão aquebrantados e carentes.
Não cabe mais para nós cristãos nadarmos a favor da correnteza, mantendo uma boa dianteira. O custo de sermos discípulos de Jesus Cristo é alto. Não existe um Pentecostes barato, as pessoas devem confiar que em nós, o único interesse que temos para com elas é que se arrependam de seus pecados e sejam salvas, passando a viver uma vida em comunidade e cuidado de uns para com os outros.
Não podemos deixar de mencionar o que Atos 2: 42-47 que nos afirma:
Elas passaram a seguir o ensino dos apóstolos, a vida em comunidade, a refeição comunitária, e a prática da oração. Todos ficaram perplexos com os sinais e maravilhas realizados por meio dos apóstolos! Os crentes viviam numa harmonia maravilhosa e tinham tudo em comum. Vendiam o que possuíam e deixavam os recursos à disposição para atender às necessidades de quem precisasse. Eles seguiam uma disciplina diária de cultos no templo, seguidos de refeições nas casas. Cada refeição era uma celebração vibrante e alegre, com muito louvor a DEUS. O povo da cidade apreciava o que via. Todos os dias, o número deles aumentava, e DEUS acrescentava os que iam sendo salvos. (grifo do autor).
Nossa insípida reação à realidade é ainda menos entusiasmada quando nos deparamos com Jesus Cristo e analisamos o modelo de vida cristã. Embora sejamos confrontados com uma moral tão sublime e exigente que parece totalmente impossível, não ficamos impressionados pelo estilo de vida que Cristo nos apresentou. Ele nos orienta que o padrão de estilo de vida do cristão deve ser o Ágape. João 15:13 nos deixa claro: "Deem a vida pelos amigos". Quando nos doamos as pessoas, verdadeiramente demonstramos que amamos a Ele, conforme o v. 14: 'Vocês mostram que são meus amigos quando fazem o que mando".

3. VIVENDO O KENOSIS
Jesus nos dá a referência desse amor Ágape. Podemos afirmar que é um amor incondicional, um amor que não exige trocas, um amor de total auto esvaziamento para com o próximo.
Jesus nos adverte severamente: "Deixem-me dar a vocês um novo mandamento: amem uns aos outros, assim como amei vocês, amem uns aos outros" (João 13:34). Essa é a única prova que temos como mostrar que amamos ao Senhor e somos seus discípulos, conforme o versículo subsequente que nos fala: "Dessa maneira todos vão reconhecer que vocês são Meus discípulos, quando virem em vocês o amor que vocês têm uns pelos outros".

Ainda podemos citar alguns textos bíblicos que demonstram a diferença em pertencer ao Senhorio de Jesus Cristo e as minhas vontades. Mateus 5:39-42, nos fala:
Aqui esta o que proponho: Não revide, de jeito nenhum. Se alguém bater no seu rosto, ofereça-lhe o outro lado. Se alguém o levar ao tribunal e exigir sua camisa, embrulhe para presente o seu melhor casaco e entregue-o a ele. Se alguém se aproveitar de você para levar vantagens injustamente, aproveite a ocasião para praticar a vida de servo. Nada de pagar na mesma moeda. Viva generosamente.

Como cristãos, não podemos por em prática o código de Hamurabi[2]. A vida cristã é uma vida de recusa a nossos interesses particulares e os interesses de vingança. A verdade do autoesvaziar esta intrinsecamente relacionada ao amor que DEUS nos propiciou, pois sem merecimento, em virtude de nossos pecados, Ele se entregou sem olhar para nossos pecados, caso contrário, não teríamos como herdar a salvação. Mateus 5:29-30, nos afirma:
Não finjam que isso é fácil. Se querem viver uma vida moralmente pura, façam o seguinte: ceguem o olho direito assim que o apanhar em um olhar malicioso. É preciso escolher entre viver com um olho só ou sofrer o juízo de ser lançado num depósito de lixo moral. Se for preciso, ampute a mão direita para que ela não se erga contra ninguém. É melhor ter um membro amputado que sofrer o juízo de ter o corpo inteiro jogado no lixo.

Como a própria Palavra nos afirma, não é fácil levarmos uma vida de auto esvaziamento de nosso "eu" em detrimento de nosso próximo, ao ponto de até mesmo nos lesarmos para deixarmos nossas paixões e desejos de lado. Mateus 5:11-12, ainda nos adverte:
E isso não é tudo. Considerem-se abençoados sempre que forem agredidos, expulsos ou caluniados para me desacreditar. Isso significa que a verdade está perto de vocês o suficiente para os consolar - consolo que os outros não têm. Alegrem-se quando isso acontecer. Comemorem, porque, ainda que eles não gostem disso, Eu gosto! E os céus aplaudem, pois sabem que vocês estão em boa companhia. Meus profetas e minhas testemunhas sempre enfrentaram essa mesma dificuldade.

Acredito que esta palavra contrapõe o Evangelho anunciado em nossos dias atuais, onde as pessoas oferecem as bênçãos prometidas e de facilidades, deixando de falar que a vida cristã é uma vida de dedicação e cruz, representada pela morte de nosso eu.

Ainda em Mateus 10:34 nos adverte: "Não penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas sim a espada". Engano nosso em acharmos que a vida cristã é um mar de rosas, onde o Senhor está de ouvidos atentos para receber todos os nossos pedidos e como um "servo", fazer todas as nossas vontades carnais. Michel Quoist[3] afirma:
Estamos satisfeitos com nossa vidinha decente. Estamos contentes com nossos bons hábitos: nós os tomamos por virtudes. Estamos contentes com nossos pequenos esforços: nós os tomamos por progresso. Estamos orgulhosos de nossas atividades: elas nos fazem pensar que estamos nos doando. Estamos impressionados com nossa influência: imaginamos que ela transformará vidas. Estamos orgulhosos do que damos, entretanto ocultamos o que retemos. Podemos até mesmo estar confundindo um conjunto de egoísmos coincidentes com verdadeira amizade.

É preciso que tenhamos convicção de que:
Quando, como cristãos sinceros, abrimos e começamos a participar da vida proposta por Jesus - uma vida de constante oração e total desinteresse, uma vida de bondade alegre e produtiva e de uma pureza de coração que vai além da castidade para efetuar cada faceta da nossa personalidade - nosso sentimento de temor e perplexidade pode rapidamente azedar em ceticismo e pessimismo. (MANNING, 2007, p. 30).

Verdade que a ética cristã em nossos dias tornou-se impraticável, principalmente em tempos onde a corrupção tem nos assolados de passos largos. Parece que as pessoas não se interessam mais por elas, sendo assim impossível de se praticar e irrelevante. Parece que o que Jesus Cristo falou e demonstrou está associado somente aquela época e tentamos adequar a Sua palavra para nossos interesses do mundo moderno, a um mundo capitalista que pensa somente em seus interesses. O que mais preocupa é que a igreja tem se conformado com essas situações.

Devemos entender que nós recebemos a determinação do próprio DEUS em representarmos e anunciarmos a era Messiânica em que vivemos, conforme Lucas 3:15 fala: "O povo, então, começou prestar mais atenção ao pregador. Eles se perguntavam: 'Será que João é o Messias?'". Em Lucas 7:22, Jesus fala aos discípulos enviados por João: "Voltem e digam a João o que vocês acabaram de ver e ouvir: Os cegos veem, os paralíticos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam, os marginalizados da terra ficam sabendo que DEUS está do lado deles".

Categórica é a afirmação de (Manning, 2007, p. 32) que nos assevera:
Todas as estruturas da igreja devem revelar a marca do amor de Cristo dedicado aos pobres. Ao ignorar essa árdua sentença, a própria igreja se torna empobrecida, assim como bem pouco confiável e bem pouco convincente para pregar o evangelho com clareza e visão, e também infantilmente presa às quinquilharias da reputação, às conversas vazias da diplomacia, aos favores degradantes dos ricos, à idolatria das estruturas e à posição de proeminência.

Leva-nos a pensar o que temos feito em nossas estruturas intituladas de "igrejas" ou melhor, nossos "templos". O nosso discurso não tem agradado mais as pessoas, pois eles não estão sendo acompanhados pelas práticas. A palavra de DEUS nos afirma que: "Quando o corpo é separado do espírito, temos um cadáver. Tentem separar a fé das obras. O resultado será o mesmo: apenas um cadáver!" (Tiago 2:26).

Porém, cabe ressaltarmos que jamais seremos pessoas perfeitas, que conseguiremos por em prática todas as ordenanças que Jesus nos deixou, seria uma utopia acharmos que nunca erraremos. Sim, nós falharemos no processo. O que é importante é que reconheçamos a nossa falha.


4. RECONHECER NOSSAS IMPERFEIÇÕES

Não se pode deixar para trás que as demandas do evangelho nos levam a uma real consciência de que somos fracos e imperfeitos. Somos levados a deixarmos nossa autovalorização e nos fazem perceber o quanto limitado somos. Quando permitimos que essa percepção se infiltre em nosso coração, somos levados a nos afastarmos de nossas presunções, complacências e de uma auto suficiência que nos envenenam espiritualmente. 

A palavra de DEUS nos desperta para nossas carências. Enquanto não submetermos a nossa vida ao julgamento do evangelho e aos padrões da bondade e virtude estabelecida por Jesus, não haverá uma consciência profunda de que somos pecadores e carecemos das misericórdias do Senhor.



Lembre-se: Não somos filhos de DEUS por nossos méritos, mas sim pelas misericórdias em nos aceitar como filhos pelo sangue de Seu Filho Jesus Cristo. A nossa salvação não vem por meio das obras que realizamos e sim pelo dom gratuito de DEUS. Efésios 2:8-10 nos afirma: 

A salvação foi ideia e obra dEle. Nossa parte em tudo isso é apenas confiar nEle o bastante para permitir que Ele aja em nossa vida. É um imenso presente de DEUS! Não somos protagonistas nessa história. Se fosse o caso, andaríamos por aí nos vangloriando do que fizemos. Não! Nada fizemos nem nos salvamos. DEUS faz tudo e nos salva! Ele criou cada um de nós por meio de Cristo Jesus, e a Ele nos unimos nessa obra grandiosa, a boa obra que Ele deseja que executemos e que faremos bem em realizar.

Caso não compreendamos essa verdade, que a salvação é pela graça e independe de nossas boas obras, corremos o risco de tornar o cristianismo muito fácil e retiramos o seu significado, o de negar-se a si mesmo. Marcos 8:34 nos deixa claro. Vejamos: "Depois Ele chamou seus discípulos e o povo e disse: Se qualquer um de vocês quiser ser meu seguidor, deve pôr de lado os seus próprios interesses, tomar sobre os ombros a sua cruz, e seguir-me".

Sendo assim, precisamos voltar às origens do Evangelho e dizer abertamente e em bom som: JESUS SALVA, estando esta verdade muito mais próxima da mente e do coração de Cristo do que da legalidade e da moralidade imposta por nossas opiniões.


5. É PRECISO SER COMO CRIANÇAS

Para que possamos adentrar ao Reino dos céus, se faz necessário sermos como crianças. Mateus 18:1-4 nos fala:
Naquele momento, os outros discípulos aproximaram-se de Jesus e perguntaram: "Quem é o maior no reino de DEUS?”. Como resposta, Jesus chamou uma criança para o meio da sala e disse: "Digo a vocês de uma vez por todas que, se não começarem do princípio, como crianças, não terão a chance nem de ver o Reino, muito menos de entrar nele. Quem se tornar simples de novo, como esta criança, será o maior no Reino de DEUS".

Além do mais, no sermão do Monte, Jesus começa assim: "Abençoados são vocês, que nada têm a mais para oferecer. Quando vocês saem de cena, há mais de DEUS e do Seu governo".

Importante sabermos que no tempo do Novo Testamento, na comunidade judaica, a criança era considerada sem nenhuma importância, não recebendo nenhuma atenção ou favor. Ela era considerada um desprezo. Para sermos verdadeiros discípulos de Jesus, precisamos ser como crianças, aceitando a si mesmo como pouco apreciado, sem nenhuma importância.

Jesus mais uma vez, mexe na ferida dos fariseus quando, pegando uma criança, diz que o modelo para adentrar no Reino dos céus, é ser o modelo de uma criança, desprezado, sem nenhuma importância e não chamando a atenção para si mesmo. Agindo assim, passamos a entender que os dons não são nos dado pela mais leve qualidade ou virtude pessoal. São pura generosidade de DEUS para nós.

As pessoas a quem Jesus dirigia Sua missão Messiânica eram verdadeiros pecadores. Não tinham feito coisa alguma de boa para receberem a salvação, como exemplo, o ladrão da cruz; Zaquel, dentre outros. Reconhecendo que não eram merecedores, reconhecendo que não era por suas obras; se abriram para receber o dom que lhes foi oferecido. Os presunçosos, em contrapartida, depositam sua confiança naquilo que fazem por merecer a partir dos próprios esforços, fechando seu coração para a mensagem da cruz.

A salvação que Jesus prometeu não pode ser conquistada por meio de barganha para com DEUS. Existe somente um meio para tal: é por meio de Seu sofrimento na cruz, Jesus destruiu totalmente a noção jurídica de que nossas obras exigem um pagamento em troca.

É fácil percebermos isso, quando lemos Mateus 20:12-15 que nos diz:
Revoltados, reclamaram com o administrador: "O último grupo trabalhou apenas uma hora, e você pagou a eles o mesmo que nós, que trabalhamos como escravos o dia inteiro debaixo de um sol escaldante". Ele respondeu ao que falava em nome de todos: "Amigo, não fui injusto. Nós concordamos com esse valor, não concordamos? Então, pegue seu dinheiro e vá embora. Decidi dar ao ultimo grupo o mesmo que daria a você. Será que não posso fazer o que quero com meu dinheiro? Você vai se tronar mesquinho por eu ser generoso?"

Nossas obras insignificantes não nos dão o direito de negociar com DEUS. Tudo depende da boa vontade do Senhor. A salvação oferecida pelo Senhor é puramente gratuita, dirigida especialmente para os que não têm nenhum direito a ela, aqueles que são tão conscientes de seu demérito que devem confiar na misericórdia de DEUS. É na miséria do pecador que Jesus vê a possibilidade de salvação, pois dEle é o Reino de DEUS.

Vejamos que Jesus, com a parábola dos trabalhadores na vinha, alegremente acaba por proclamar o amanhecer de uma nova era e o porque que veio. Acredito que Ele acabou por declarar: "Vocês pobres, nadas, de pouca importância pelos padrões do mundo. Saibam que vocês são abençoados. É a boa vontade de Meu Pai de conceder-lhes um lugar privilegiado no Reino, não porque trabalharam tão arduamente, ou porque dizem, fazem ou tornam todas as coisas certas, mas porque Meu Pai quer vocês".
É preciso que tenhamos a simplicidade de entendermos que fomos transformados pelo simples fato de sermos aceitos por DEUS. A isso, podemos chamar de graça. Essa compreensão nos traz uma diferença significativa  na compreensão de adoração. Somos os adoradores do amor redentor e da misericórdia de DEUS que nos aceita. Somos imersos em gratidão e dependência. Nosso próprio ser é uma celebração, uma ação de graças permanente e perpétua a DEUS. (MANNING, 2007, p. 41).

Quando entendemos que comunhão significa ação de graças, passamos a entender que o cristianismo significa um reduto de pessoas alegremente agradecidas. O Salmista nos mostra claramente essa alegria, como por exemplo: "Vamos à Sua presença, cantemos louvores de abalar as estruturas". (Salmos 95:2). Ainda Salmos 100:4, nos fala: "Entrem na fila e digam de coração: "Obrigado!". Vão à presença dEle e cantem louvores. Agradeçam-no por tudo! Adorem-no!". Salmos 147:7, nos afirma: "Cantem ao Eterno um hino de ações de graças. Toquem seus instrumentos diante do DEUS".

Sendo assim, o cristão jubiloso, mantém um sentimento de temor e deslumbramento diante de DEUS, por experimentar o sentimento de pertencer a uma comunidade redimida. Sua vida passa a ser de gratidão, conseguindo compartilhar com as pessoas a sua volta, entendendo que ela não é merecedora sozinha das bênçãos que DEUS tem concedido. Esse cristão se abre para a verdade de que tudo o que possui vem de DEUS e de que é totalmente dependente de Jesus Cristo, quando assume que Jesus Cristo o salvou não por seu merecimento.


6. FINALIZANDO

Isso não quer dizer que minha vida será sempre um mar de rosas, que deixo de passar pelas agruras da vida, que até mesmo poderei adorar com certo desânimo. Mesmo assim, eu entenderei que a base do cristianismo é uma vida em constante alegria e gratidão, sendo esse o legado do ministério Pascal deixado pela morte e ressurreição de Jesus Cristo. Não assumimos a filiação para com DEUS por nossos méritos e sim pela Sua misericórdia.

A nossa vocação religiosa deverá ser datada do mesmo momento da minha fé.


7. BIBLIOGRAFIA

MANNING, Brennan. Convite à Loucura. Tradução de Sueli Saraiva. São Paulo: Mundo Cristão, 2017.
PETERSON, Eugene H. A Mensagem: Bíblia em linguagem contemporânea, supervisão exegética e teológica Luiz Sayão. São Paulo: Editora Vida, 2011.

SHEDD, Russel P. A Bíblia Vida Nova. Traduzida em português por João Ferreira de Almeida. São Paulo: Vida Nova, 1995.

 



[1] E-mail: robinson.luis@bol.com.br
[2] É um conjunto de leis criadas na Mesopotâmia, por volta do século XVIII a.C, pelo rei Hamurabi da primeira dinastia babilônica. O código é baseado na lei de talião, “olho por olho, dente por dente”.
[3] Michel Quoist foi um presbítero e escritor francês. Como missionário no exterior, fez parte do comitê episcopal da Igreja Católica, na América Latina.

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