sexta-feira, 19 de outubro de 2018

A FAMÍLIA E A ESCOLA COMO REDE DE PROTEÇÃO



Robinson L Araujo[1]

"Mostre a direção da vida para seus filhos - e, mesmo quando forem velhos, eles não se perderão". (Provérbios 22:6).


A família, a escola, bem como outras instituições, possuem um papel fundamental na educação e condução da criança na preparação para a vida adulta, mostrando-lhe os riscos, as possibilidades; onde encontrar apoio, o que fazer nas horas de desânimo e fracassos, pois são riscos que estão como pedras no caminhar da existência e sujeitos a tropeçar.

Sobre o fator responsabilidade, a LDB 9394/96 assegura:
Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (LDB, 1996).

De acordo com Rego (2003), a família e a escola dividem funções sociais, políticas e educacionais, conforme colaboram e influenciam a formação do indivíduo. Conforme Dessen e Polonia (2007):
Na instituição escolar, os conteúdos curriculares certificam o ensino e aprendizagem do conhecimento onde há uma maior preocupação por parte da escola. Na família, as preocupações principais já são outras, entre elas o processo de socialização da criança, como também a proteção, as condições básicas e também o desenvolvimento social, afetivo e cognitivo de seus componentes.

Ambas as instituições realizam um trabalho educacional com a criança, porém um pouco diferenciado, mas com o mesmo nível de importância.

Somando-se as afirmações anteriores, em uma pesquisa coordenada por Koller (2004) sobre risco de proteção na realidade brasileira, envolvendo 10 cidades, entre capitais e cidades do interior, foram identificados os seguintes fatores de risco[2], tais como:

  • Vivência de situações físicas ou sexuais negativas no ambiente doméstico - São situações em que a criança e/ou adolescente são agredidos com os objetivos ou sofrem abusos sexuais dentro de sua própria casa.
  • Vivência de situações emocionais negativas na comunidade - Ocorre quando a criança e/ou adolescente é alvo de ameaças na escola, comunidade, igreja, centro comunitário, clubes ou locais de festa.
  • Vivência de situações físicas ou sexuais na comunidade - São situações em que a criança e/ou adolescente sofrem agressões ou são explorados sexualmente na comunidade onde vivem.
  • Vivência de situações negativas e potencializadoras de dano nas esferas social, econômica, judicial, policial, de saúde, entre outras - é comum, na atualidade, nos depararmos com situações de fome, negligência, privação de liberdade.

De outros estudos, podem ainda ser acrescentados os seguintes fatores de risco: divórcio dos pais, perda de entes queridos, pobreza, fatores sociais reforçadores de situações de violação de direitos da criança e do adolescente, entre outros. Refletindo: Como pais e educadores, precisamos estar atentos a todos esses fatores de risco, cumprindo nosso papel de cuidar e educar. Como reagir a estes fatores de risco para com a criança e/ou adolescente?

Os pais possuem um papel fundamental. Tanto é que, DEUS pede que Moisés transcreva algo para o povo de Israel, podendo ser lido em Deuteronômio 6:6-9, que afirma:
Escrevam no coração os mandamentos que estou transmitindo a vocês. Apropriem-se deles e levem seus filhos a se apropriar deles. Que eles sejam o assunto de sua conversa, onde quer que vocês estiverem — sentados em casa ou andando pela rua. Que eles sejam repetidos desde a hora em que vocês se levantam, de manhã, até a hora de cair na cama, à noite. Que eles estejam amarrados na mão e na testa de vocês, como lembretes, e até escritos no batente da porta das casas e nas portas das suas cidades.

Aqui se pode ver o compromisso que os pais devem ter na formação de seus filhos. Aquilo que é responsabilidade dos pais, não deverá ser transferido para a escola ou outras instituições. É responsabilidade paterna e materna.

A referida pesquisa leva a outras descobertas, informando fatores de proteção que não podem ser negligenciados, como por exemplo:

  • Atributos disposicionais das pessoas: nível de atividade e sociabilidade, autoestima, autonomia, entre outros - Sendo importantes para o desenvolvimento saudável dos filhos.
  • Os laços afetivos no sistema familiar e/ou em outros contextos que ofereçam suporte emocional em momentos de estresse - É um elemento fundamental na educação. Uma relação permeada pela afetividade gera segurança nas tomadas de decisão.

Faz-se necessário que os sistemas de rede de apoio social (proteção), sejam: na escola, no trabalho, na igreja, no serviço de saúde, venham proporcionar competência e determinação individual e um sistema de crenças para a vida. Reafirmando o que diz Deuteronômio 6:6-9.

Como responsabilidade dos pais ou as pessoas responsáveis por desenvolverem os atributos de paternidade, devem valorizar os momentos em família em que a boa convivência entre os familiares se coloca como um fator de proteção - fato desprezado atualmente. Um lugar que se pode desenvolver a convivência, e de forma simples, são os momentos em que a família se alimenta. Seria oportuno o sentar-se em volta da mesa e chamar para o diálogo, demonstrando amor e preocupação com a outra pessoa, principalmente, com as crianças.

Sobre esta relação a psicóloga Ângela Dantas, professora da Faculdade de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC/GO) escreve que:
[...] é por meio das relações familiares que podem surgir condições favoráveis ou desfavoráveis ao bem-estar psicológico do sujeito em formação. [...] As crianças podem se sentir inseguras ou desinteressadas pelos deveres escolares ou pela aprendizagem quando os pais não acompanham de perto o rendimento escolar delas [...] os pais que se envolvem com a Educação dos filhos podem colaborar para que a criança assimile melhor valor como responsabilidade, compromisso, gosto pelos estudos e respeite mais seus limites (TRIBUNA DO PLANALTO, 2012).

Valores estes que, entende-se, não cabem à escola desenvolvê-los, interferindo na cultura do aluno, mas sim, ressignificá-los de acordo com as normas de convivência social. É, portanto, na família e na escola que a criança recebe as maiores influências para a sua formação. Se isto for estabelecido a partir do diálogo, do respeito e da ética, certamente a criança fará suas escolhas pautadas no bem. Como a aprendizagem se constrói ao longo da vida, esta dependerá da maneira como será conduzida, bem como pelo contrato implícito entre família e escola como condição essencial para se obter sucesso tanto na aprendizagem, quanto na formação.

Além do mais, é de importância o ensinar a enfrentar as dificuldades, mostrando-lhes como podem passar pelas dificuldades e vencê-las, desde muito cedo, aprendendo a enfrentá-las de forma segura. Sendo assim, faz-se necessário que se pegue na mão e lhes mostre o caminho para um viver saudável e seguro. Efésios 6:4, afirma: "Pais, não provoquem seus filhos, sendo duro demais para eles. Tratem de segurá-los pela mão para guiá-los no caminho do Senhor".

Outro fator importante e que tem sido negligenciado pelos pais é a correção. Correção não é sinônimo de espancamento ou tortura física, psíquica ou social. Bem afirma Colossenses 3:21, que diz: "Pais, não sejam severos demais com seus filhos, pois acabarão esmagando o espírito deles". É necessário que se ponha limites nos filhos!


LEMBRE-SE

Cultive a amizade com seus filhos; Procure conhecer e conviver com os amigos dos filhos. É importante que se saiba com quem eles estão e o que estão fazendo. Como afirmado em I Coríntios 15:33, que diz: "...Lembre-se: 'As más companhias destroem os bons hábitos".

Não se envergonhe em buscar informações. A melhor forma de proteger os filhos é conhecendo os riscos e os fatores de proteção para poder agir.

Que DEUS capacite a cada um no cuidado das crianças que Ele têm confiado a cada um de nós, seja como pais, responsáveis, professores. Instituições como família, escola, igreja, sociedade.

Que se possa viver e caminhar em Vida Plena.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Lei 9394/96. Disponível em: <www.mec.gov.br>. Acesso em: 18 out. 2018.
DESSEN, Maria Auxiliadora; POLONIA, Ana da Costa. A família e a Escola como contextos de desenvolvimento humano. Scielo Brasil, Universidade de Brasília, Distrito Federal, Brasil, p.21-32, 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/pbf/paideia/v17n36/v17n36a03.pdf>. Acesso em: 5 abr. 2014.

GRANDO, Anaxandra Pancote. ESCOLA E FAMÍLIA: UMA PARCERIA POSSÍVEL. Disponível em: <http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/2012/2012_unicentro_gestao_artigo_anaxandra_pancote.pdf>. Acesso em: 19 out. 2018.

PETERSON, Heugene H. Bíblia A MENSAGEM em Linguagem Contemporânea. São Paulo: Editora Vida, 2011.

REGO, T. C. Memórias da Escola: Cultura Escolar e Constituição de Singularidades. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003.



[1] Pastor - e-mail: robinson.luis@bol.com.br - www.vivendoemvidaplena.teo.br
[2] SOUZA, Aoralda Adur de; LUZ, Araci Asinelli. Família e Escola em rede de proteção. Coleção Família & Escola, volume 4.

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