segunda-feira, 2 de julho de 2018

A BATALHA DA MORALIDADE TERRENA VERSUS MORALIDADE DIVINA/ESPIRITUAL



Robinson Luis de Araujo[1]


INTRODUÇÃO

Ao fazer minha leitura devocional da Palavra de DEUS, me deparei com a história narrada no livro de II Samuel, no capítulo 6 (mais a frente, detalharei os versículos), quando Davi dançou e uma de suas esposas o repreendeu, sendo ela Mical, filha de Saul.

É possível vermos e ouvirmos, em nossos dias, por meio das pregações e  exigências que são feitas ao povo de cima dos púlpitos, a obediência que se deve ter na busca de uma santidade, gerada pelo fruto da moralidade humana. Estamos pregando muito mais a moral do que o Senhor quer de seus "verdadeiros" filhos.

Quando li o referido texto, percebi o confronto do que seria "moralidade" exacerbada na vida de uma pessoa que guardava a moral e, ao ver o esposo dançar, uma expressão física que não poderia acontecer, vindas por uma pessoa que ora, havia sido escolhida por DEUS, para reinar sobre Seu povo escolhido, principalmente em público. Detalhe: Davi estava cheio da presença de DEUS.

Logo, debrucei-me a solucionar o conflito que gerou na mente, por meio da oração e busca na Palavra do Senhor. Sendo assim, antes de você continuar a leitura, ore ao Senhor e peça que Ele lhe proporcione compreensão que nos leva a uma adoração desvinculada de preceitos morais humanos.


1. A MORALIDADE TERRENA/HUMANA

Em qualquer pesquisa, seja ela nos livros filosóficos, nas mídias digitais ou em conversas formais, é possível afirmar que: Moral é o conjunto de regras adquiridas através da cultura, da educação, da tradição e do cotidiano, e que orientam o comportamento humano dentro de uma sociedade.

Em sua construção Etimológica, o termo moral tem origem no latim mos (morales), cujo significado é “relativo aos costumes, vontade e uso”. As regras definidas pela moral regulam o modo de agir das pessoas, sendo uma palavra relacionada com a moralidade e com os bons costumes.

Está associada aos valores e convenções estabelecidos coletivamente por cada cultura ou por cada sociedade a partir da consciência individual, que distingue o bem do mal, ou a violência dos atos de paz e harmonia.

Os princípios morais como a honestidade, a bondade, o respeito, a virtude, dentre outras, determinam o sentido moral de cada indivíduo. São valores universais que regem a conduta humana e as relações saudáveis e harmoniosas.

Fato que pode-se acompanhar nas Sagradas Escrituras, quando o Senhor Yavé, entrega nas mãos de Moisés, as Tabuas da Lei, conforme Êxodo 20:1-17 (NBV) que afirma:
2 - "Eu sou o Senhor seu Deus. Eu tirei você da terra do Egito, onde você foi um povo escravo. 
3 - "Não creia nem adore nenhum deus - a não ser a Mim. 
4, 5 e 6 - "Não faça ídolos. Não preste culto a imagens - nem de animais, nem de aves, nem de peixes, nem de qualquer coisa ou ser existente em cima do céu, nem embaixo na terra, nem nas águas. Não faça gestos de respeito ou de adoração diante de nenhuma imagem, pois Eu sou o Senhor, seu Deus. Sou Deus zeloso, e trarei maldição sobre os pecados de um pai até à terceira e quarta geração dos filhos daqueles que Me odeiam, mas mostrarei bondade até mil gerações àqueles que Me amam e guardam os meus mandamentos. 
7 - "Nunca use mal o meu nome. Não tolerarei qualquer abuso neste sentido. 
8, 9, 10 e 11 - "Guarde o sétimo dia como dia de santo descanso. É ordem minha. Trabalhe nos outros seis dias, mas o sétimo dia é o dia de descanso do Senhor seu Deus. Nenhum trabalho será feito nesse dia, nem por você, nem por ninguém da sua casa - filhos, filhas, criados, criadas, bois, burros ou qualquer outro animal. Nem mesmo os estrangeiros que estejam morando com você. Todos têm de obedecer a este mandamento. Todos devem descansar nesse dia - sejam empregados ou patrões. Por que você fica obrigado a guardar o dia de descanso? Porque em seis dias o Senhor fez o céu, a terra, o mar, e tudo o que neles há, e descansou no sétimo. Por isso Eu separo o dia de descanso e lhe dou uma bênção toda especial. 
12 - “Honre seu pai e sua mãe”. Se obedecer, terá vida longa e próspera na terra, que o Senhor dá a você. 
13 - "Não mate. 
14 - "Não pratique adultério. 
15 - "Não roube. 
16 - "Não diga mentiras contra seu próximo. 
17 - "Não cobice a mulher do próximo, nem fique com inveja do próximo, querendo a casa, as terras, os criados, os animais, ou qualquer outra coisa que ele possua." 

Importante ressaltar que a moral orienta o comportamento do homem diante das normas instituídas pela sociedade ou por determinado grupo social, como exemplo citado no texto acima. Para que Israel se diferenciasse dos povos por onde eles andariam e dominariam, o próprio DEUS lhes enviou um código de regras e condutas, para que houvesse harmonia entre eles.

Também, quando se continua uma leitura da Bíblia, percebe-se, quando DEUS determinava que o povo de Israel marchasse e dominasse um determinado lugar, eles eram obrigados a matar toda espécie de vida que havia, sendo: humana, vegetal ou animal e, quando desobedeciam, eram punidos. Contradizendo a Lei: "Não mataras". Seria Yavé um "contraventor" da própria Lei?

Para Champlin (2006), a moralidade corresponde à palavra ética, que vem do grego éthos, um virtual sinônimo de mos. Naturalmente ela difere dependendo de cada indivíduo, e não segue, necessariamente, meros costumes, hábitos ou volições[2] pessoais, conforme a palavra indica, literalmente.

Pode-se também, citar alguns princípios do que ser é moral, como por exemplo, a relação formada por Champlin ( 2006, p. 356), que menciona:
1. Alguns filósofos e teólogos consideram a moralidade como algo natural e humano, objetando às ideias que falam sobre alguma mente divina ou cósmica que controlaria a moralidade. Isso corresponde à ética relativa ou ética situacional. Essa é uma moralidade a posteriori[3].
2. A moralidade também poderia ser considerada a priori[4], isto é, dependente de regras que antecedem à experiência, presumivelmente alicerçadas sobre fontes extra-humanas ou sobre-humanas. Esse tipo de moralidade equivale à ética rigorosa ou formal, segundo a qual os homens não estabelecem as regras, mas são obrigados a obedecer às mesmas.
3. Também existe a moralidade das coisas boas. Essas coisas, embora não reputadas absolutas, são estáveis. Assim, a moralidade não seria absolutamente fixo, mas seria estável. As coisas boas valorizadas hoje, serão as mesmas coisas boas valorizadas amanhã. Após longos períodos de tempo, entretanto, poderá  haver alguma leve modificação.
4. Poderia conceber que a moralidade é derivada do processo evolutivo, e não de poderes divinos, uma variante da primeira possibilidade acima. As leis morais seriam estabelecidas mediante a experiência, a necessidade e ao uso e costume.
5. Nietzsche[5] ensinava que há dois tipos de moralidade: a moralidade do senhor e a moralidade do escravo. Seriam meras conveniências sociais, e não, necessariamente frutos da vontade de qualquer força divina.
6. Para Santayana[6], a moralidade nada mais era do que costume ou hábito, sujeito a desenvolvimentos e modificações.

Fato que, ao analisar o uso da tatuagem, a um tempo não distante, aquelas pessoas que possuíam uma tatuagem em seu corpo, era alvo de discriminação pois, a moral da sociedade assim compreendia e não aceitavam, por estarem relacionados a pessoas de má índole, contraventoras, rebeldes. Na atualidade, é considerada uma expressão artística, possuindo significados e sentimentos.

É importante ressaltar que: o certo hoje, já foi o errado no passado, como por exemplo, as mulheres que eram desprezadas na antiguidade - isso não quer dizer que conseguiram de forma plena seu espaço na atualidade - não podendo falar dentro do culto, conforme o Apóstolo Paulo assevera em II Coríntios 14:34-35 que diz:
34 - As mulheres devem permanecer em silêncio durante as reuniões da igreja. Não devem tomar parte na discussão, porque elas são subordinadas aos homens, como as Escrituras também afirmam. 
35 - Se tiverem alguma pergunta façam aos maridos em casa, pois é inconveniente as mulheres expressarem suas opiniões nas reuniões da igreja. 

Importante para aqueles que estão a frente de uma igreja, não contaminarem o público com suas próprias razões morais e pessoais, com a finalidade de manter domínio de um povo, fazendo com que sigam regras e condutas estipuladas carnalmente, quando pessoas adentram com a necessidade de receberem o melhor de DEUS, deixando de sentir a mais doce ação e presença do Espírito Santo, de forma livre, por Sua ação individualizada.

É o caso de Mical, descrito em II Samuel 6:19 (A Mensagem): "Mas, quando a arca do Eterno entrou na Cidade de Davi, Mical, filha de Saul, veio assistir ao cortejo de sua janela. Quando viu o rei Davi pulando e dançando diante do Eterno, ficou aborrecida com ele". Conhecedora de "regras morais" - como filha de rei - sabia que não era bom para o rei, se misturar e até mesmo se divertir com os menos favorecidos, podendo atrapalhar a reputação do mesmo, conforme o verso 20 do capítulo 6 de II Samuel: "Davi voltou para casa, a fim de abençoar sua família. Mas Mical, filha de Saul, veio ao seu encontro: “Que bonito! O rei se expondo na presença das escravas dos seus servos, como um dançarino de rua!” (A Mensagem).


2. A MORALIDADE DIVINA/ESPIRITUAL

Quase todas as filosofias, bem como a esmagadora maioria das religiões, reconhecem a existência do problema do pecado. A maioria delas oferece alguma sugestão sobre como esse problema pode encontrar solução. O cristianismo, por sua vez, salienta que qualquer moralidade autêntica e duradoura, tem de ter origem Divina. A santidade puramente humana não é grande coisa, não é muito pura, e é extremamente vacilante.

Sendo assim, o próprio DEUS reconhece que se a salvação do homem fosse fruto de sua moralidade, ele estaria condenado eternamente. A moralidade espiritual não está vinculada com o que "eu" ou "você" acha por certo ou errado. Claro que ela não se vincula ao pecado e quando se tem definição de pecado, podemos afirmar que: Pecado não é o conceito de uma cultura quando acha que o conceito de pecado está envolvido em argumentos legalistas sobre o certo e errado.

A moralidade Divina, não está relacionada ao querer do homem em realizar o certo ou errado. O próprio Apóstolo Paulo afirma em Romanos 7:17-22 (NBV), que diz:
17 - No entanto, não o posso evitar por mim mesmo, porque já não sou eu que estou fazendo. É o pecado dentro de mim, que é mais forte do que eu e me obriga a fazer tas coisas ruins. 
18 - Eu sei que estou completamente corrompido no que diz respeito à minha velha natureza pecaminosa. Seja para que lado for que eu me volte, não consigo fazer o bem. Quero, sim, mas não consigo. 
19 - Quando quero fazer o bem, não faço; e quando procuro não errar, mesmo assim eu erro. 
20 - Agora, se estou fazendo aquilo que não quero, é simples dizer onde a dificuldade está: o pecado ainda me retém entre suas garras malignas. 
21 - Parece um fato da vida que, quando quero fazer o que é correto, faço inevitavelmente o que está errado, 
22 - Quanto à minha nova natureza, eu gosto de fazer a vontade de Deus; 

Quando ele termina dizendo: "Quanto à minha nova natureza, eu gosto de fazer a vontade de Deus", ele afirma que, não consigo nada por minha natureza que é pecaminosa e sim, pela ação do Espírito Santo que passa à habitar no homem, trazendo-lhe uma nova natureza, fazendo-lhe uma nova criatura.

O Espírito Santo, atuante sobre o espírito humano, provê uma real santidade. O Espírito é o agente do arrependimento e, por conseguinte, do impulso e primeiro passo da santidade. Ele é o Autor da santificação e, portanto, da santificação contínua. Vejamos o que I Coríntios 6:11, nos afirma: "Houve tempo quando alguns de vocês eram exatamente isso, porém agora seus pecadas foram lavados; vocês estão separados para Deus, e Ele os aceitou devido ao que o Senhor Jesus Cristo e o Espírito de nosso Deus fizeram por vocês" (NBV). A salvação não é fruto da moralidade humana.

Paulo ainda afirma em Romanos 15:16 que para sermos e tornarmos santos e aceitos por DEUS, não depende de nosso esforço "moralidade" é ação do Espírito Santo e somente por Ele.
É claro que DEUS não aceita o pecado e a prática pecaminosa. É necessário que o homem demonstre arrependimento e vida transformada pela ação do Espírito Santo que habita nele. I Coríntios 3:16 nos afirma: " Vocês compreendem que todos juntos são a casa de Deus, e que o Espírito de Deus vive entre vocês, em sua casa?" (NBV).

Da mesma forma que o Espírito Santo é a fonte de santidade, assim também todas as qualidades morais são inspiradas por Ele. É possível essa compreensão, quando lemos Gálatas 5:22-23 (A Mensagem), que diz:
Mas vamos falar da vida com Deus. O que acontece quando vivemos no caminho de Deus? Deus faz surgir dons em nós, como frutas que nascem num pomar: afeição pelos outros, uma vida cheia de exuberância, serenidade, disposição de comemorar a vida, um senso de compaixão no íntimo e a convicção de que há algo de sagrado em toda a criação e nas pessoas. Nós nos entregamos de coração a compromissos que importam, sem precisar forçar a barra, e nos tornamos capazes de organizar e direcionar sabiamente nossas habilidades.

Essa moralidade da parte de DEUS, não gera conflito com a moralidade humana, pelo contrário, tira todo o peso das costas, trazendo alívio e suavidade, como Mateus nos afirma: "Sejam meus companheiros e apreenderão a viver com liberdade e leveza" (Mateus 11:30 - A Mensagem).

Acredito que, o mandamento de Êxodo 20:3, que afirma: - "Não creia nem adore nenhum deus - a não ser a Mim (NBV), está literalmente ligado a moralidade Divina, pois, caso contrário, o homem não têm a possibilidade de mudança em sua forma de agir, mediante a condução do Espírito Santo. Certamente, confirmado em Marcos 12:30-31 (A Mensagem) que completa: "Ame o Senhor seu Deus com toda a paixão, toda a fé, toda a inteligência e todas as forças’. E o segundo é: ‘Ame o próximo como a você mesmo’. Não há nenhum outro mandamento que se compare a esses”. 

Champlin (2006) ainda nos afirma  que é impossível exagerar a importância da moralidade da fé cristã, porquanto é através da transformação moral que se efetua a transformação metafísica. Ninguém poderá jamais compartilhar da natureza de Cristo, a menos que chegue à perfeição moral.

A moralidade Divina, tem por finalidade transformar o homem de dentro para fora. É por meio de suas atitudes, que saem de seu interior, conforme nos afirmou o texto de Gálatas. Não é pela transformação de nosso exterior que alcançaremos a transformação interior.

Entretanto, quando agimos sob controle do Espírito Santo que habita dentro de nós, temos a possibilidade de participar da própria natureza e dos atributos de DEUS, conforme Efésios 3:19 que nos fala: "Experimentem a largura! Testem o comprimento! Subam às alturas! Vivam uma vida cheia da plenitude de DEUS! (A Mensagem).


3. A NATUREZA HUMANA

A natureza humana é uma obra caída e desmoralizada, principalmente sobre a influência do pecado. Não queira acha que você ou eu, estamos fora de sermos assolados pelo pecado. A Palavra do Senhor nos afirma que o "mundo jaz no maligno" (I João 5:19). Sendo assim, produzimos frutos ruins, como obras, vejamos o que Gálatas 5:17-21 (NBV) nos afirma:
17 - Porque nós por natureza gostamos de fazer as coisas ruins que são justamente o oposto das coisas que o Espírito nos manda fazer; e as coisas boas que desejamos fazer quando o Espírito nos domina, são justamente o oposto dos nossos desejos naturais. Estas duas forças dentro de nós estão lutando constantemente uma contra a outra, a fim de ganharem o domínio sobre nós, e os nossos desejos nunca estão livres de suas pressões. 
18 - Quando vocês forem guiados pelo Espírito Santo, não precisarão mais obrigar-se a obedecer às leis judaicas. 
19 - Entretanto, quando vocês seguirem suas próprias inclinações erradas, suas vidas produzirão os seguintes maus resultados: pensamentos impuros; ansiedade pelo prazer carnal; 
20 - idolatria, feitiçaria, (isto é, incentivo à atividade dos demônios); ódio e luta; ciúme e ira; esforço constante para conseguir o melhor para si próprio; queixas e críticas; o sentimento de que todo mundo esta errado, menos aqueles que são do seu próprio grupinho; e haverá falsa doutrina, 
21 - inveja, assassinato, embriaguez, divisões ferozes e toda essa espécie de coisas. Vou dizer-lhes novamente como já o fiz antes, que todo aquele que levar esse tipo de vida não herdará o reino de Deus. 

Um resumo de quem somos e para onde a moral humanamente imposta nos leva. Podemos levar uma vida de aparente transformação quando submetemos a caprichos humanos, quando resolve-se obedecer a lideranças humanas, não que devamos ser desobedientes, não. Mas, quando o domínio de nossa espiritualidade é movimentada pela natureza humana e não divina, somos fadados ao fracasso e nossa moral acaba por ser abalada.

Voltemos ao exemplo de Mical, quando ela repudia o proceder de Davi "E Davi, vestido com as roupas de sacerdote, de linho, dançava diante do Senhor mostrando a sua alegria (II Samuel 6:14 - NBV). Davi era um homem segundo o coração de DEUS (I Samuel 13:14), resolve se render ao mover do Espírito Santo que estava sobre ele: "Assim, enquanto Davi estava entre os seus irmãos, Samuel tomou o azeite que havia trazido e o derramou sobre a cabeça de Davi; e o Espírito do Senhor veio sobre Davi e lhe concedeu grande poder, daquele dia em diante. ( I Samuel 16:13 - NBV). A natureza humana tende a condenar tudo aquilo que não agrada ou não está segundo o "seu/meu" querer.

Um detalhe que aconteceu a Mical, está relacionado no verso 23 de II Samuel 6, que diz: "E Mical, filha de Saul, não teve filhos durante a sua vida toda". Ela já havia gerado cinco filhos, porém, pela sua natureza, deixou de gozar as bênçãos de conceder filhos ao rei Davi.
Vejamos o que Silvia Togneli[7] nos revela sobre este fato:
A  respeito dessa situação de  Mical ou Micol, precisamos entender que a sociedade da época, exigia que as mulheres fossem férteis, para mostrar assim a benção que uma mulher recebia de Deus no seu casamento e também para dar posteridade aos maridos. E, por isso, uma mulher  estéril não era considerada como abençoada por Deus. É o que o castigo quer dizer.
Esse “castigo” foi dado a Mical/ Micol porque ela criticou Davi por ter dançado, diante da Arca do Senhor e também porque ela o desprezou. O texto é da época da corte de Salomão e por isso não seria favorável a quem tivesse feito uma crítica ao rei Davi, especialmente uma mulher.

O que se pode perceber é que, a natureza humana acaba por ser condenada por ela mesma. O que nossa natureza humana precisa entender é que, se não morrermos por Cristo e em Cristo, tudo será em vão. Paulo nos afirma em Gálatas 2:19-21 (A Mensagem), o seguinte:
Explico o que aconteceu comigo: tentei guardar regras e me esforçar para agradar Deus, mas isso não funcionou. Então, desisti de ser um “homem da lei” para me tornar um “homem de Deus”. A vida de Cristo me mostrou como fazer isso e me deu capacidade de viver assim. Eu me identifico totalmente com ele. De fato, fui crucificado com Cristo. Meu ego não ocupa mais o primeiro lugar. Pouco me importa parecer justo ou ter um bom conceito entre vocês: não estou mais tentando impressionar Deus. Agora Cristo vive em mim. A vida que vivo não é “minha”, mas é vivida pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim. E eu não volto mais atrás. Não está claro que voltar para a velha religião de guardar regras e agradar os outros é abandonar a nova vida de relacionamento com Deus? Não posso desprezar a graça de Deus! Se é possível ter um relacionamento vivo com Deus apenas guardando regras, Cristo morreu em vão. 

Se a natureza humana não estiver crucificada na cruz, jamais seremos seres moralmente agradáveis a DEUS, pois é impossível ao homem ser por si mesmo. Podemos nos esforçar, mas não vai funcionar; podemos buscar, mas não vamos encontrar, pois ela está na cruz.
Por isso, Romanos 3:23-24 (NBV) nos afirma:
23 - Sim, todos pecaram; todos fracassaram, e não puderam alcançar o glorioso ideal de Deus; 
24 - no entanto, Deus nos declara agora "sem culpa" das ofensas que Lhe fizemos se confiarmos em Jesus Cristo, aquele que em sua bondade tira os nossos pecados gratuitamente. 

Por herança, somos pecadores e, como pecadores, sem a remissão pessoal daquilo que não agrada a DEUS, jamais poderemos ser pessoas morais diante de DEUS. A nossa redenção é por graça, mediante a fé e não por obras - moralidade humana, para que ninguém se glorie e possa alcançar por suas forças ou por uma transformação de aparências (Efésios 2:8-9).


4. CONCLUSÃO

É preciso mudarmos nossas convicções. Davi acreditou, quando afirmou em II Samuel 6:20-21 (NBV), que diz:
21 - Davi respondeu: "Eu dançava louvando ao Senhor, que me colocou acima do seu pai Saul e sua família; ao Senhor, que me nomeou para ser o rei de Israel, o povo escolhido do Senhor! Não me importa que aos seus olhos eu não seja bem visto: continuarei dançando, em louvor ao Senhor. 22 - Sim, embora pareça tolo e humilhante, sei que serei respeitado pelas moças e mulheres diante das quais você disse que eu me exibia!" 

A eternidade no céu não pode ser vinculada ao modo de vida moralmente imposta por uma religião, grupo, denominação ou liderança. É algo pessoal, depende de arrependimento genuíno, de encontro e acontece de dentro para fora.

É preciso que sejamos seres moralmente espirituais e não humanos. Quando alcançarmos o espiritual, o humano há de nos acompanhar, pois a transformação interna reflete no externo. Paulo ainda nos alerta em Romanos 14:1-3 (A Mensagem), vejamos:
1. Recebam de braços abertos os irmãos que não veem as coisas como vocês. Não os atropelem toda vez que eles fizerem ou falarem algo com o qual vocês não concordam — mesmo quando parecer que eles são fortes nas opiniões, mas fracos na fé. Tratem-nos com gentileza.
2-3. Por exemplo, uma pessoa viajada pode muito bem estar convencida de que pode comer de tudo que há na mesa, enquanto outro, com uma formação diferente, pode pensar que o certo é ser vegetariano. Mas, como ambos são convidados à mesa de Cristo, não seria desagradável se um começasse a criticar o que o outro comeu ou deixou de comer? Afinal, Deus convidou ambos para sua mesa. O que você vai fazer: cortá-los da lista de convidados, ou interferir nesse amor de Deus que a todos recebe? Se há correções a serem feitas ou lições a serem aprendidas, Deus pode lidar com elas sem sua ajuda.

“Resumindo, o que quero dizer é: cresçam! Vocês são súditos do Reino; tratem de viver como tais. Assumam sua identidade, criada por Deus. Sejam generosos uns para com os outros, pois Deus age assim com vocês” (Mateus 5:48 - A Mensagem).

João 8:32 ainda nos afirma: "Então irão experimentar a Verdade, e a Verdade vai libertá-los" (A Mensagem). É preciso que experimentemos a Liberdade que somente Cristo pode nos oferecer.

Lembre-se: O céu a de nos surpreender!



REFERÊNCIAS

_______. Disponível em: <http://www.abiblia.org/ver.php?id=4197>. Acessado em 29 dez.2016.

_______. Disponível em: <https://www.significados.com.br/moral/> Acessado em: 29 dez.2016.

A Nova Bíblia Viva. Publicado pela Associação Religiosa Editora Mundo Cristão. Disponível em: <http://bibliaviva.bl.ee/index.html>. Acessado em 29 dez.2016.

CHAMPLIN, Russell Norman. ENCICLOPÉDIA DE BÍBLIA E FILOSOFIA. Vol. 4. São Paulo: Hanos, 2006.

PETERSON, Eugene H. A Mensagem: Bíblia na linguagem contemporânea, supervisão exegética e teológica Luiz Sayão. São Paulo: Editora Vida, 2011.


ABREVIATURAS
NBV - A Nova Bíblia Viva
A Mensagem - Bíblia em Linguagem Contemporânea



[1] Graduado em Teologia, com pós graduação nas áreas de: Terapia Familiar; Aconselhamento e Psicologia Pastoral; Liderança e Administração Eclesiástica. Graduado pelo Instituto Haggai. Servo de Cristo. E-mail: (robinson.luis@bol.com.br).

[2] Ação através da qual uma decisão é tomada, pautando-se somente na vontade; vontade: o réu afirmou não ter domínio sobre sua volição. Poder de livre escolha; capacidade para tomar suas próprias decisões, não sendo controlado por Deus ou pelo destino; arbítrio.Vontade injustificada; intenção sem fundamento; capricho.Ação de escolher, de tomar uma decisão; a escolha ou decisão que se toma. (https://www.dicio.com.br/volicao/).

[3] do latim, "do seguinte" ou "do depois".

[4] do latim, "de antes" ou "do anterior".

[5] Friedrich Wilhelm Nietzsche (1844-1900) foi um filósofo, escritor, poeta e filólogo alemão.

[6] Jorge Agustín Nicolás Ruiz de Santayana y Borrás (Madri, 16 de dezembro de 1863 - Roma, 26 de setembro de 1952), foi um filósofo, poeta, ensaísta e romancista. Nascido na Espanha, foi criado e educado nos Estados Unidos.

[7] http://www.abiblia.org/ver.php?id=4197

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